sete

 ou a continuação de génesis


Elohim não tem sombra, nem reflexo. Usa o cabelo em desalinho e nunca se penteia. Também não tem frio, nem sua. No vácuo onde habita, não tem cheiro, nem fome e o sono tarda em voltar. Pensa em como seria agradável ter uma companhia naquele vazio sombrio. Algo vivo, quente, com garras pequenas, que apreciasse a sua companhia e até produzisse algum tipo de som quando estivesse satisfeito. O mais divino dos divinos cria o gato, tal e qual ele existe, antes de todas essas coisas que dizem que criou em seis dias. A ideia original era só um gato. Mas não um gato que existisse apenas no seu pensamento, como fazia com os livros. Era um gato real, preto, de olhos amarelos e pêlo curto. O que aconteceu a seguir nem o próprio Elohim sabe explicar. Com o gato surgiram todo o tipo de necessidades, até então não necessárias. Então o divino criou os céus e a terra, mas a terra estava sem forma e vazia e o altíssimo disse: "Faça-se luz!" porque tinha receio de calcar os cocós que o gato deixava por todo o lado. E foi assim que Elohim criou o universo, com as suas galáxias, estrelas, buracos negros, toda a complexidade de corpos celestes que se possa imaginar, e gatos, muitos gatos, a quem concedeu nada mais nada menos que sete vidas. 



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