“Il vecchio mondo sta morendo. Quello nuovo tarda a comparire. E in questo chiaroscuro nascono i mostri.” —  Antonio Gramsci


A enxada raspa ao de leve na galinha. Por pouco haveria alteração no menu do almoço. Xô! grita o homem para o raio dos bichos que não o largam. É sempre assim, já sabem que cada vez que a enxada revolve a terra, liberta uma miríade de pequenas refeições deliciosas. 

O homem cava com fúria. Xô! grita em silêncio para os pensamentos que não o largam. Todos vemos, aquele homem que carrega uma criança morta, coberto ainda com o seu sangue. E a enxada abre o solo, quebra a secura, cria calos nas mãos deste outro, que se sente irreal, inútil, abrindo irado espaço à vida, quando outros nem ousam sonhar. Como mínimas sementes nas pontas dos dedos gretados.



Comentários

  1. ...o homem era coveiro, Manel?
    Afinal, o novo mundo de cada vez que ressurge, nunca é melhor do que o velho...porca miséria!

    Beijinhos, querido sonhador

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    1. um homem é semeador, o outro perdeu um filho... porca miséria mesmo, bem dito!
      beijos, Janita!

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  2. Estive a ver um documentário sobre Pepe Mujica (O sonho de Pepe) e ele dizia a certa altura que estamos focados em mais consumo, mais tecnologia para o suprir e não reparamos na máquina extraordinária que é a semente... a desatenção sobre essas pequenas coisas está a deixar a humidade cada vez mais insensível

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    1. um Senhor e plantava flores :)
      precisamos urgentemente de Pepes, este mundo tem os dias contados!

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