Tácita

 Tácita, a deusa romana do silêncio e dos segredos, senhora suprema da descrição, olhava-o lá do alto do seu nicho de granito. O dedo indicador parado diante dos lábios de mármore branco, lembravam-lhe o pequeno desastre que tinha sido o almoço de domingo. Porquê que não se manteve calado, perguntava-se, à medida que lhe ia aflorando na memória as premonições que o vinho branco exumara. Não iria ao próximo encontro. Estava demasiado envergonhado. O que teriam dito quando saiu à pressa com a desculpa que tinha de apanhar ervilhas antes de anoitecer. De certeza que houve alguém que sugeriu que o velhote estava a perder o juízo. Deve ter sido do vinho, aquele malfadado encruzado. 


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