Norwegian

Passei a noite a varrer. Era uma cave com metro e meio de lado e uma infinidade de comprido, iluminada por uma janela sem vidro ou caixilho a nascente. Um corredor. O tecto era alto de cimento rugoso, sem acabamento, assim como o chão e as paredes. A janela que abria para um pinhal ao nível do solo, ocupava quase metade do fundo, como uma vitrine por onde se podia ver um animal enjaulado. Uma cela. Varria a sama e folhas quebradiças, penas soltas, máscaras azuis e pedaços de limoge estilhaçados. Uma cabeça sem corpo. Alguém se aproximou da abertura, mas a luz não me deixou ver e continuei. Varria de nascente para poente, a minha sombra indicando o caminho, meditativo e confinado, como se varresse do pensamento o dia.