medusóide

O homem passou quase um mês sem juntar palavras. No princípio achou que era o melhor que tinha a fazer para se livrar do vício. Talvez, se o homem não sentisse cada linha como se fossem milhares de formigas a percorre-lo. Observo o homem que deixou de escrever junto à estante. Meia dúzia de livros velhos definham no pó. Mesmo assim mergulha de muito alto em páginas que encontra, livros que o escolhem, como se precisasse ser salvo. Conheço o desconforto, o folhear aleatório. Eu inventei aquelas palavras que não o levam a lado nenhum. Mas como outros antes dele, foi na salvação que encontrou a perdição. Para escrever, diz o homem que deixou de escrever e passa os dias a alisar a barba com a ponta dos dedos, trocou um saco cheio de mentiras. E as mentiras quando as lançou no início, eram pequenas, como sementes. 


Comentários

  1. Passaram 15 dias sem juntares palavras neste espaço, resta o que deixas para trás que "folheio" aleatoriamente, não sei se para me salvar ou se para ter paz. Já te disse que os teus textos me apaziguam? Talvez os teus fantasmas sejam maiores que os meus ou apenas sejas mais dramático mas é certo que ao ler-te aqui, as minhas dores se tornam mais pequenas.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. nã quero parecer convencido, mas é bom saber que há alguma utilidade nisto :) obrigado Be

      Eliminar
    2. Desde que não cobres consultas podes sentir-te convencido à vontade ;)

      Eliminar
    3. devia pagar para me aturarem :)

      Eliminar
  2. Sr Manel, shame on you, :) para que mentiras!? Pagam-se caras...

    ResponderEliminar
  3. Não juntou palavras aqui o que é imperdoável :)

    ResponderEliminar
  4. Juntou palavras, lançou mentiras, provocou pessoas que juntaram palavras, lançaram mentiras sonharam e fizeram sonhar.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. qual é a pena por lançar mentiras?

      Eliminar
    2. e se a verdade provoca sofrimento alheio?

      Eliminar
    3. Enfeitas a verdade com mentiras, em vez de contares a verdade juntas palavras e contas uma parábola.

      Eliminar
  5. As sementes geminaram? Ganharam tentáculos?

    Antes o tê pai tivesse feito um quêjo - ahahahahah

    Beijinho Manel, meu afilhado mailindo quinté

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. ele acha o mesmo... antes um queijo :D

      Eliminar
    2. Se ele diz o mesmo, retiro de imediato a brincadeira

      :-))

      Eliminar
    3. o lado bom disto é que certamente seria um bom queijo :D

      Eliminar
  6. Tenho, para mim, que mentiras trazem verdades e verdades escondem mentiras. Para quê o martírio?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. é uma boa observação... mas parece-me que o assunto nã se esgota assim :)

      Eliminar
    2. Então, não as deixes morrer por falta de água.

      Eliminar
    3. É melhor, sim! Até porque deixei falecer mais uma planta este Verão. A partir de agora só cactos...

      Eliminar
  7. As medusas jubas de leão são assim, como essas sementinhas mentirosas;
    quando lançadas em local fértil, reproduzem-se como cogumelos...

    O que eu gosto de homens barbudos, Manel, o que eu gosto!...

    Beijos, cigano! :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. faltou-me os cogumelos :D sabia que era qualquer coisa!!!
      mais logo, em silêncio, quase consegues ouvir a barba crescer... beijos, Janita!

      Eliminar
  8. Mentiras, verdades, pós-verdades... Que importa? Faz favor de regar essas sementes para que frutifiquem e não faltem aqui palavras.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. tenho tentado, mas o solo é muito fraco... nã pega nada... só erva daninha :D

      Eliminar
  9. Chama-lhes inverdades, parábolas, metáforas, sei lá...já ninguém mente. Já não se usam mentiras. Saíram de moda.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares