ondinas
Não possuindo o engenho indispensável para empreender uma obra original, persuadido porém de que a astúcia e o frequente crime de plágio me habilitam para verter por minhas palavras os acontecimentos ocorridos após a operação "Roubo do Ano". Por contente me dou com o prazer bebido na saga da mitologia alemã, o Anel do Nibelungo do caríssimo Richard Wagner, de onde sem escrúpulos roubei o prólogo, Das Rheingold. Este prazer, em verdade, foi o que me sustentou em tão árdua e longa tarefa, ainda mais que o desejo de louvores; os quais todavia agradam ao nosso amor próprio e folgarei de os merecer.
PRELÚDIO
PRIMEIRA CENA-Visão fantasmagórica do fundo do rio Alviela. Uma débil luz azul-esverdeada causada pela descarga de efluentes de uma industria da região, permite distinguir enormes rochas depositadas no leito do rio. Bastante difusas, quatro figuras são vistas a nadar caprichosamente, divertindo-se em perseguições mútuas e evoluções graciosas. Geralmente, uma delas está lendo o livro “A Aranha”, outra tem ares de Capitã exótica, uma mexe uma panela de coxas boas, e a quarta a quem chamam Generala, bebe moet da garrafa. São as donzelas do Alviela, cuja incumbência é zelar pela guarda de um precioso tesouro que acabaram de roubar: o Ano Novo!
Em outro plano, no alto de uma rocha, vê-se uma repulsiva figura humana de anão da raça Pernilungo, de cabelos emaranhados e revoltos, usando vestes antiquadas por cima do pijama. Acaveira, desajeitado, cambaio, deslizando no lodo, faz todos os esforços para se aproximar das donzelas, embargando-lhes os passos e tentando abraçá-las. Ágeis e divertidas, elas conseguem sempre escapar do audacioso Acaveira, rindo-se impiedosamente dele. Uma luz rósea começa a se fazer notar nas águas profundas. Ela simboliza a refulgência do misterioso Ano Novo de 2017. Acaveira, maravilhado, e sabendo que aquele efeito luminoso decorre do incalculável tesouro, indaga das donzelas qual o segredo daquela luz com efeito de purpurinas. Sem perceber a extensão do mal que poderão causar com a revelação dos mistérios do Alviela, as donzelas contam a Acaveira que aquele que tiver o novo ano civil se tornará senhor de um poder sem limites. Será ainda mais poderoso do que os próprios gestores da caixa geral de depósitos. Uma condição há, porém, para que esse alguém se possa investir desses extraordinários poderes. E essa condição é a renúncia para sempre ao amor. A ambição desmedida de Acaveira faz com que seus olhos se incendeiem, mesmo se para tal fortuna seja necessária a tão terrível renúncia. Elevando-se ao cimo de uma rocha, proclama essa renúncia, em uma dramática exaltação no seu blog. Corre, depois, ao local onde está guardado o Ano Novo, arrebata-o, com ele desaparecendo com um gargalhar zombeteiro e triunfante. Novamente a escuridão domina a cena. O Ano Novo foi roubado por Acaveira, e nas trevas as donzelas do Alviela lamentam-se profundamente, com desesperados gritos.
(Deixo um excerto da extensa obra, espero que seja do vosso agrado)
ACAVEIRA
Ei, ei! Vós ondinas! Como sois formosas, gente apetecível!
Da noite de Alcanena vim e me aproximo com prazer, se forem generosas comigo.
WOGLINDACOXA
Ei! Quem está aí?
FLORSHILDE
Amanhece e alguém chama...
WELLPALMIER
Espia, quem nos espreita!
CUCAWISPER
Pfui! O feio antipático!
FLORSHILDE
Vigiai o Ano! O tio pipoco advertiu sobre semelhante inimigo.
AS QUATRO FILHAS DO ALVIELA
Que queres tu aí em baixo?
ACAVEIRA
Estorvo a vossa representação, se permanecer pacificamente aqui parado? Mergulhai para cá embaixo, que o Pernilungo vos acompanhará na brincadeira...
WOGLINDACOXA
Ele quer brincar connosco?
WELLPALMIER
É uma troça dele?
ACAVEIRA
Como no brilho das purpurinas pareceis claras e belas! Como tomaria em meus braços, com prazer, a delgada, se ela se enfiasse graciosamente até aqui.
FLORSHILDE
Agora eu rio de medo: O inimigo está apaixonado!
CUCAWISPER
O cobiçoso tipo esquisito!
WOGLINDACOXA
Vamos conhecê-lo! Quero oferecer-lhe bolachas!
ACAVEIRA
Elas inclinam-se para baixo. Como eu adoro bolachas!
WOGLINDACOXA
Agora, aproxima-te de mim!
ACAVEIRA
Xisto antipático, escorregadio, escorregadiço! Poluição suína. Como eu escorrego!
Nem apoiando-me nas mãos e nos pés eu deixo de escorregar nesta pedra. O elemento molhado e úmido enche-me o nariz. Maldito espirro!
WOGLINDACOXA
Espirrando, aproxima-se meu pomposo pretendente!
ACAVEIRA
Sejas minha namorada.Tu, juvenil donzela com uma panela cheia de boas coxas!
WOGLINDACOXA
Queres me fazer a corte? Então, faze-o aqui!
ACAVERNA
Ó dor; tu me escapas? Ora, vem de novo! Para mim é difícil o que tu tão facilmente consegues fazer...
WOGLINDACOXA
Passa para o fundo: Lá tu me pegarás em segurança!
ACAVEIRA
Como posso pegar num salto um peixe que foge rápido? Espera, tu, falsa criatura!
FLORSHILDE
Raiá! Tu, amigo! Tu não me ouves? Tás surdo, ou quê?
ACAVEIRA
Estás me chamando?
FLORSHILDE
Eu te dou um bom conselho: dirige-te para mim, evita WOGLINDACOXA!
ACAVEIRA
Tu és muito mais bela do que aquela medrosa, que é menos brilhante, e, na verdade, escorregadia. Somente mergulhando fundo queres me servir?
FLORSHILDE
Estou agora perto de ti.
ACAVEIRA
Ainda não o suficiente! Os elegantes braços me entrelaçam, a tua cabecinha eu toco e a provoco com carinhoso ardor. Em teu intumescido seio eu me aconchego!
FLORSHILDE
Estás enamorado e ávido de volúpia. Deixa-me ver, belo amigo: qual é o teu aspecto?
Pfui! Tu és peludo, janota corcundo! Escuro, caloso, anão de enxofre. Busca um amigo ao qual tu dês prazer!
ACAVEIRA
Falsa criança! Fria, peixe frio cheio de espinha! Se eu não te pareço belo, engraçado e provocador, escorregadio e brilhante, ei, então vai fazer a corte às enguias, se para ti minha pele for repugnante.
CUCAWISPER
Por que te zangas, pesadelo? Já tão desanimado? Tu fizeste a corte a duas dentre nós, se tu perguntares à terceira, a bem-amada te dará doce consolação.
ACAVEIRA
Ela me dirige doce canção. Como é bom que de vocês uma não seja igual.
Pelo menos a uma eu agrado, e até agora ninguém me deu um beijo. Devo crer em ti, desliza então para cá!
CUCAWISPER
Como sois bobas, estúpidas irmãs! Este não vos parece belo?
WELLPALMIER
Já sei quem esvaziou todo o provisionamento de moet!
Já sei quem esvaziou todo o provisionamento de moet!
Brilhante o libreto, ACAVEIRA, só falta mesmo AMUSICA. :)
ResponderEliminarTem um excelente ano (espero que tenhas comido aquela passa por mim)
Claro que comi :) achas que me ia esquecer?
EliminarTem um bom ano Teresa!
Um ano que começa assim, só pode ser um ano poderoso.
ResponderEliminarObrigada, cigano. Estou maravilhada!
(Depois falamos sobre isso do Alviela e de me teres retratado num estupor alcoólico)
oh céus, a clientela está toda insatisfeita... foi um prazer, como sempre :)
EliminarQue começo de ano grandioso... :))
ResponderEliminarobrigado Luísa, é tudo plágio, bom ano :)
Eliminarhey! Por que razão é que eu só tenho três falas, toda a gente sabe que eu sou sempre a personagem principal!
ResponderEliminar(apesar da Cuca o negar a pés juntos!)
Feliz ano novo, Cigano, qualquer que ele seja!
tinhas mais, mas precisei de cortar ao texto... ou cansava a audiência :)
EliminarBom Ano Palmier, o que importa é que seja!
apanhaste muito bem o jeito da Cuca (ihihihihih!), só não percebo que diabo é aquele da FLORSHILDE, insensível comós cornos de um bode!
ResponderEliminar(maravilha, Manel :) que nunca te falte um teclado!
é tudo plágio, nã escrevi quase nada... só que realmente se adequava tão bem, que tive de aproveitar :)
EliminarE depois, ainda tens a lata de dizer que não escreves, vai-te encher de moscas afilhado mailindo quinté
ResponderEliminarFeliz 2017, que te seja leve de sonhos e rico de realizações.
Beijo da madrinha
é tudo plágio madrinha, quase nã escrevi nada!
EliminarBom ano, beijos
medrosa? estamos de relações cortadas.
ResponderEliminarera o que lá estava, só me limitei a copiar :)
Eliminarpodes ir ver o original...
acrescentei as bolachitas e pouco mais...
oh vá lá... :(
Só se sonhares comigo...
Eliminarisso nã é um castigo :)
EliminarSim senhor, caro Manel. A cada visita aqui à tua cubata fico surpreendida e abismada com o teu saber, paciência e dom para a escrita. A par de uma imaginação prodigiosa...
ResponderEliminarFalas tanto em plágio, mas no fundo não há plágio algum. Baseaste-te no obra de Wagner e aí vai disto, que os ciganos não dormem em serviço.
No diálogos, inventaste prái uns sinónimos das tuas 'meninas' e está a ópera pronta.
Tiro-te o chapéu, literalmente...
Começaste o Ano em beleza. Parabéns.
:) Beijos!!
minhas "meninas"? quem te ouvir... aposto que Wagner está às voltas no túmulo depois do que fiz com a sua obra :) vai ver se o original nã é tal e qual... pouco mudei
Eliminarbeijos
Muito bom...
ResponderEliminarSe precisares de atrizes apita. :)
a menina canta?
Eliminarcanto e danço e até faço de estátua :)
Eliminara menina é perfeita :)
EliminarEhehe... Que bela peça!! ;)
ResponderEliminarMuito bom!
Para começo de ano é realmente auspicioso!!... Haja esperança na humanidade criativa :)
é tudo copiado... nã te deixes enganar pelo Acaveira!
Eliminar:)
Foste tu, a fazer justiça ao Cigano, quem roubou o ano novo. Ainda por cima, que nem maltês, a fazer a corte a todas as donzelas.
ResponderEliminarBrilhante, Manel.
pela primeira vez na vida posso dizer que tenho um ano! :)
Eliminarbeijos Bé, nã é assim tão brilhante...