vermelho

Compreendo que pouco te interesse o estado em que se encontra. Por fora ninguém diria, mas o interior está uma lástima. Podes trazer o bisturi, as tenazes, o microscópio, não te esqueças das lamelas e dos corantes. Podes mergulhar o que resta em parafina e depois corta-lo em fatias, ou congela-lo em porções, não vais ter muito trabalho, já está bastante despedaçado. Quando dúvidas não existirem de que é humano e que bate compassado, pede que recite todos os verbos, que conjugue amor em todos os modos e tempos. Não esqueças de me dar a mão na descida da rua, perguntar de onde venho, para onde te levo e com que medos me atravesso. E na volta, tira-me alíquotas, marca-me com beijos, anota o que escrevo e aquilo que leio. Fica depois mais um pouco, ouve a minha playlist, enquanto uno tudo com fita, se quiseres gravo-te uma cassete. Abre sem presa o roupeiro e todas as gavetas, são só quatro, mede-me em pés, usa o meu cheiro. Podes mesmo esburgar a ementa, faz também caretas ao que bebo, alimenta-me de sonhos ou daquilo que preferires, só quero que apontes tudo, e no fim pedimos um café, se ainda tivermos tempo.  



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