bisonho

"Bom dia Sílvia!" Disse-lhe com um aceno. Ela torceu o nariz e compreendi que lhe tinha trocado o nome. Não voltou a falar-me durante o resto do dia, evitando ouvir a justificação para o estranho escambo de prenomes. Toda a gente sabia que era um lapso meu chamar Sílvia à Rosário e fazia um esforço sempre que a via para não fazer cagada, mas estava distraído, a pensar na morte da bezerra quando ela passou e disse "olá jeitoso!"
Era uma coisa sem explicação, a Rosário e a Sílvia não tinham nada em comum, nenhuma característica que levasse a confundir uma com a outra e a troca era apenas num sentido, nunca chamava Rosário à Sílvia, aliás, não chamava Sílvia a mais ninguém até porque não havia outra, a não ser à Rosário e é claro à própria Sílvia. Elas até eram amigas, mas pela cara dava para perceber que tinha ficado eriçada. Ninguém gosta que lhe troquem o nome, mas não era caso para tanto. Uma pessoa até se habitua a ser chamada de outras coisas, posso dizer que já ouvi de tudo e até tenho um nome bastante vulgar.
Às tantas desconfiava que eu estava a pensar na Sílvia, se calhar até pensava, ficava sem fôlego cada vez que ela esvoaçava sem passar cartão, de saltos entoando pelo pavimento e o nome ressoava na minha cabeça… Sílvia! Podia repeti-lo vezes sem conta sem enjoar. Era natural que a Rosário ficasse aborrecida, mas não era motivo para me dar aquele nariz torcido antes de virar a cara com asco, porque foi-se a ver e até gostava dela sem saber e por isso lhe trocava o nome.


bisonho: carrancudo... entre outras coisas

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