apartamento

Demorei um pouco mais a arranjar lugar para estacionar, ela já estava à porta do prédio, cabelo apanhado num novelo no topo da nuca, pescoço sensualmente vulnerável, andorinhas estampadas na blusa que descia por um dos ombros. Apresentei-me, ela estendeu a mão um pouco fria que segurei na minha bastante quente sem apertar, afinal era da Nova Zelândia.

Sustive a porta em madeira recuperada cedendo-lhe passagem, o corredor sombrio ladeado de caixas do correio, desembocava no pátio comum para onde todas as varandas interiores convergiam. Encaixou os óculos de sol na cabeça para apreciar com a merecida atenção o trabalho em ferro forjado do gradil.
Pelas varandas pendiam diversas floreiras com ervas aromáticas, avencas, e outras plantas, algumas floridas outras quase secas. Tinha sido precisamente aquela disposição das casas e a elegância do ferro que me tinham cativado. O apartamento em si não conquistava, era desproporcionado, alto e mal dividido. Não dei com a chave à primeira, com excepção da mais comprida e estranha que abria a porta de entrada do prédio, todas as outras eram idênticas e algumas entravam na fechadura mas não rodavam.
Não tinhas futuro como assaltante! Disse, puxando a blusa até ao ombro. Se ela soubesse.

Apesar das janelas da frente estarem abertas, o apartamento ainda cheirava a tinta. Já não havia vestígios do perfume de Alicja, e sem mobília parecia que os tectos eram ainda mais altos e as paredes estreitas. Mostrei o óbvio, uma cozinha/sala espaçosa e um quarto com uma pequena casa de banho, em que o poliban encaixava na medida certa atrás da porta.
Se ela for gira podes baixar ao preço, disse-me o Péter.
Fechamos negócio.


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