salsa
Desta vez parti para a cozinha com pouca convicção, compelido mais pelo
desconforto que um vento de norte vestiu, do que pela ausência de forro
no estômago. Precisava de uma sopa, daquelas capazes de aquecer o corpo e
erguer o espírito, mas desde manhã que não conseguia enfrentar a pilha
de loiça que se amontoava com data incerta, garantindo-me pelo cheiro
que os pratos mais abaixo tinham vestígios de organismos recém-formados,
pedaços escuros de vida mofada. Respirei fundo, mergulhando na espuma
do fairy tudo o que era prato, copo, talheres, até ficar com um
amontoado de loiça brilhante e cheirosa, equilibrando-se perigosamente
na vertigem da pia vazia.
Procurei a receita no meio dos papéis promocionais, havia algures uma sopa de castanha num desses do minipreço. Devo ter passado por ele meia dúzia de vezes e não o vi, parece que é algo que está relacionado com uma característica que acompanha os homens desde o paleolítico, não encontrar o que está diante dos nossos olhos e esquecer sempre de lavar aquele tacho que fica em cima do fogão. Pergunto-me se haverá uma explicação desse tipo para aquela atitude comum em muitas mulheres, à porta do supermercado, prometendo o que já sabem ser impossível:
“já volto, vou só buscar um raminho de salsa!”
duas horas depois lá aparecem, empurrando três carros cheios de compras, e quase sempre chegam a casa sem a salsa. Não me interpretem mal, não me incomoda ficar à espera, nem de carregar depois as compras cinco andares sem elevador, nem mesmo ter de voltar ao supermercado para comprar a bendita da salsa... há 160 mil anos, mais coisa menos coisa, teria de dar caça a um mamute, usando nada mais que pedras lascadas e um cérebro acima da média, imaginem o que seria depois carregar o bicho… e sem carrinho de compras, que a roda ainda não tinha sido inventada… Salsa, vou precisar de salsa, castanhas, e cogumelos.
Procurei a receita no meio dos papéis promocionais, havia algures uma sopa de castanha num desses do minipreço. Devo ter passado por ele meia dúzia de vezes e não o vi, parece que é algo que está relacionado com uma característica que acompanha os homens desde o paleolítico, não encontrar o que está diante dos nossos olhos e esquecer sempre de lavar aquele tacho que fica em cima do fogão. Pergunto-me se haverá uma explicação desse tipo para aquela atitude comum em muitas mulheres, à porta do supermercado, prometendo o que já sabem ser impossível:
“já volto, vou só buscar um raminho de salsa!”
duas horas depois lá aparecem, empurrando três carros cheios de compras, e quase sempre chegam a casa sem a salsa. Não me interpretem mal, não me incomoda ficar à espera, nem de carregar depois as compras cinco andares sem elevador, nem mesmo ter de voltar ao supermercado para comprar a bendita da salsa... há 160 mil anos, mais coisa menos coisa, teria de dar caça a um mamute, usando nada mais que pedras lascadas e um cérebro acima da média, imaginem o que seria depois carregar o bicho… e sem carrinho de compras, que a roda ainda não tinha sido inventada… Salsa, vou precisar de salsa, castanhas, e cogumelos.
Hummm, hoje não é o melhor dia para falar de sopa de castanhas, nem cogumelos; salsa talvez. Gosto muito de salsa, de coentros e orégãos e hortelã, poejos, e tudo o que sejam ervas de cheiro...:)
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