fundear
fundear (ir ao fundo)... ou acendalha segundo lote
A atenção violentamente desviada pelo desejo carnal, ou pela blusa que expunha uma copa perfeita, esmigalhava pedaços de pormenores cruciais pelo chão da estação, debicados em segundos pelos pombos. Quando o ponteiro mais longo atingiu a hora de partida, o comboio saiu lento sob o jugo do relógio que pendia lá no alto, e não era mais que um ponto que desaparecia no infinito em que duas linhas paralelas se tocam. Para trás ficamos nós e as ripas do banco, num beijo abstracto de línguas enraizadas, trocando fracções de humor aquoso e um tanto viscoso. Sem partida restava a chegada, e ela deixava-se levar escada abaixo sem dúvidas ou reclamações, segura pelo pulso onde mandou tatuar um dia o ás de espadas.
O calor mordia a urgência dos passos, atiçava o desejo de quem procura um recato para satisfazer o apetite, ânsia que crescia na boca ressequida... bebia uma parede, e o Mondego ali ao lado, arrastando-se pastoso pelas margens sem pressa.
Entramos na primeira hospedaria da avenida, despojados de vergonha, enrubescidos de desejo, despejei do bolso o pagamento adiantado e conduzi-a até ao quarto, um quase antro onde se deitam meretrizes. Atravessou a porta estendida ao tecto, olhou em volta apreciando o vulgar, desabotoou a blusa e de lábio mordido atirou-se contra o meu peito, constringindo-me com as pernas pela cintura.
A porta deu sinal que talvez não aguentasse as arrebatadas investidas, e antes que a cedência da fechadura nos levasse de rompam ao corredor, meios despidos, fundeado nela, experimentamos a resistência das molas do colchão, cabeceira que chocalhava contra a parede. O resto das roupas ficou pelo chão, semelhante a fragmentos de pele arrancada, e na nudez contrastante, pálida a dela, trigueira a minha, um corpo começa onde o outro termina.
A atenção violentamente desviada pelo desejo carnal, ou pela blusa que expunha uma copa perfeita, esmigalhava pedaços de pormenores cruciais pelo chão da estação, debicados em segundos pelos pombos. Quando o ponteiro mais longo atingiu a hora de partida, o comboio saiu lento sob o jugo do relógio que pendia lá no alto, e não era mais que um ponto que desaparecia no infinito em que duas linhas paralelas se tocam. Para trás ficamos nós e as ripas do banco, num beijo abstracto de línguas enraizadas, trocando fracções de humor aquoso e um tanto viscoso. Sem partida restava a chegada, e ela deixava-se levar escada abaixo sem dúvidas ou reclamações, segura pelo pulso onde mandou tatuar um dia o ás de espadas.
O calor mordia a urgência dos passos, atiçava o desejo de quem procura um recato para satisfazer o apetite, ânsia que crescia na boca ressequida... bebia uma parede, e o Mondego ali ao lado, arrastando-se pastoso pelas margens sem pressa.
Entramos na primeira hospedaria da avenida, despojados de vergonha, enrubescidos de desejo, despejei do bolso o pagamento adiantado e conduzi-a até ao quarto, um quase antro onde se deitam meretrizes. Atravessou a porta estendida ao tecto, olhou em volta apreciando o vulgar, desabotoou a blusa e de lábio mordido atirou-se contra o meu peito, constringindo-me com as pernas pela cintura.
A porta deu sinal que talvez não aguentasse as arrebatadas investidas, e antes que a cedência da fechadura nos levasse de rompam ao corredor, meios despidos, fundeado nela, experimentamos a resistência das molas do colchão, cabeceira que chocalhava contra a parede. O resto das roupas ficou pelo chão, semelhante a fragmentos de pele arrancada, e na nudez contrastante, pálida a dela, trigueira a minha, um corpo começa onde o outro termina.
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