boda

 Estava no casamento da prima e depois de procurar em todos os bolsos do fato não encontrei o telemóvel. Logo toda a miudagem saiu em meu auxílio, revirando sofás e cadeiras, e até mesmo os mais velhos já meios comatosos a dormitar nas poltronas, eram acordados pelo frenesim da busca. A prima ao contrário do irmão, decidira casar na aldeia, juntando as famílias e alguns amigos numa cerimónia mais tradicional na estranha e velha igreja. Tinham apagado as luzes e todas as crianças se organizavam numa fila com as cabeças cobertas, encaminhando-se para o altar. Assustei uma pequenita que se atravessou à minha frente e que parecia uma alma penada, toda ela de branco e com a cabeça coberta. Bu! Gritei e ela deu um salto e correu para o interior da igreja. Na parte detrás do altar, estavam os mais velhos sentados. O meu pai dormia com a cabeça pendente para a frente e uns lugares mais atrás a minha mãe conversava animadamente com outros convidados. De onde estava não conseguia ver os noivos. Alguém me fez sinal para dar início à música mas continuava sem encontrar o telemóvel onde estava gravada a marcha. Foi quando me ocorreu ligar para mim próprio e qual não foi o meu espanto quando do outro lado atendi, mas não falamos muito.