zimbório

Destelhado o capoeiro, soldaram os arames, chumbaram o ferro no betão, desbastaram as heras, cofraram a parede norte e encheram de cimento. Moço traz a escada! moço chega água! moço onde está a marreta? Levanta isso mais alto! vai buscar mais massa, depois lava o carrinho e a enxada e nã te esqueças de despejar o entulho. O cigano que já nã tinha idade pra moço, andava barata tonta no caos de telhas, cimento, baldes de entulho, fios elétricos, quando sem dar conta pisou o ancinho. O cabo voou direito ao olho, como se fosse telecomandado por forças inimigas Bong! O cigano só sentiu uma dor tremenda, vinda sabe-se lá de onde, completamente inesperada e cega. Ninguém riu. Ficou tudo em silêncio. Mais tarde quando foram até ao café do Zé da Tita, este disse ao ver aproximar do balcão o cigano, dobrado em dois, com aquele olho bem negro: Xiiii home, se você tá assim, nem imagino o outro! Aí todos que estavam com ele, riram a bom rir, respondendo: Oh tio Zé, nem imagina! O outro ficou todo esticadinho, ainda lá está atirado ao chão, até parece um ancinho!

Comentários

  1. Grande cena! O ancinho ganhou a taça da obra e ainda foi brindar ao café com vocês.
    Beijoca, afilhado mailindo

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  2. Ai, que perigo. Quase tínhamos mais um Camões.

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