saya
Às vezes gostava de poder falar com as minhas facas, como a
morte falava com a gadanha no livro do Saramago. As minhas facas até têm nomes,
mas estão arrumadas nos seus sayas até que o inverno regresse. Saya é o nome da
bainha usada para sabres e punhais japoneses, coisa fina, normalmente feitos de
magnólia e lacados por fora. O mês das chuvas está aqui, acabou de chegar, mas
não é da minha competência. Tratei do inverno, agora é a vez de Vesna, a
senhora que governa os ventos, as depressões e as precipitações na primavera. Mas
como estava a dizer, gostava de poder falar com as minhas facas. O ponto de
vista de um instrumento de corte é totalmente diferente de outro qualquer
objeto. Assim como são feitas para a cisão e a divisão, só respondem quando
julgam ser extremamente necessário e dão óptimos conselhos jurídicos. Sinto falta de certas conversas. Não dessas sobre o tempo, campeonatos de futebol, ou sobre qualquer assunto leviano, mas daquelas conversas que não se tem com ninguém, a não ser
com a pessoa que se assenhorou do nosso coração, ou, na falta dessa pessoa, um
objeto de corte.
Às vezes temos que segurar a faca nos dentes ... tens que aproveitar esses momentos.
ResponderEliminareheheheh, já faz tanto tempo que nã me lanço num cabo, com a faca nos dentes, de um navio para outro :) esses sim, foram tempos...
Eliminar(nã consigo comentar lá no teu sítio, estou barrado?)
Ainda não pus a coisa a funcionar... fiquei-me pela ideia.
EliminarOra, meu idolatrado Manel...:) Simples! Não falas com as tuas facas porque tu vives as intermitências da Vida e o Nobel vivia intermitentemente a pensar na gadanha que ceifa a vida.
ResponderEliminarVai mas é ver da pessoa que se assenhorou - ou devo dizer assenhoriou, de senhorio? - do teu coração.
Beijos, Manel!
Vive a tua Primavera.
ehehehehe, é bem verdade que vivo as intermitências da vida, embora se a vida tiver intermitência, acho que é a morte :) nã chego a morrer, mas quase... ansioso pelo inverno!
Eliminarbeijos, Janita, boa semana