호랑이
Encontrei estas pinturas quando escrevi sobre as pegas e achei curiosa esta representação de um símbolo sério e bastante poderoso como o tigre, que na presença da pega apresenta um semblante meio tolo. Este em particular, fuma cachimbo, o que é uma espécie de abreviatura coreana para o "era uma vez". É de salientar que fumar cachimbo era uma ocorrência relativamente recente (importada por navegadores portugueses para o oriente) e que dava um certo status a quem o fazia. A pega e o tigre como iconografias separadas, possuem raízes profundas na literatura e na história da arte coreana. O tigre é um símbolo auspicioso e protetor, uma imagem de força e poder, enquanto a pega é a portadora de boas notícias. Quando pintado sozinho, o tigre aparece sempre muito sério e severo, ao contrário da pega que representa ideias e pensamentos positivos voltados para o futuro.
Nesta história em particular, o tigre anda a vaguear pela floresta com pouco para fazer, quando caí numa poça funda de lama. O tigre fica preso, mas um lenhador que andava por ali encontra-o e consegue puxar o tigre da poça. O tigre prepara-se para comer o lenhador que fica aborrecido com a situação. Ele pergunta: 'eu ajudei-te e tu em troca vais comer-me?' O tigre não sabe o que fazer e pede um julgamento que decida se ele deve ou não comer o homem. Curiosamente, o júri é formado por um carvalho (super imparcial) que conclui que o tigre deve comer o lenhador: "tigres comem pessoas, é isso que eles fazem." diz o carvalho. Nisto surge do nada a nossa amiga pega que voando acima do lenhador lhe diz: 'Oh não, não, o que deves fazer é atrair o maldito do tigre de volta para aquela poça de lama para que fiques seguro', o que acontece e o lenhador volta para casa vivo e inteiro. A pega torna-se a salvadora dos humanos, o seu amuleto da sorte.
Dentro de uma estrutura de conto de fadas, é comum existirem estas duas forças opostas, estando neste caso a humanidade presa no meio, podendo ser vítima do poder do tigre ou ser preservada pela brincalhona e inteligente pega. O que me agradou mais, foi a expressão do tigre, que apesar de ter perdido o almoço, manteve o sorriso tolo no rosto.
Vase with magpie and tiger design (c. 1700–1800), Korea, Joseon dynasty (1392–1897). Asian Art Museum of San Francisco |
https://www.apollo-magazine.com/tiger-magpie-jar-asian-art-museum-san-francisco/
É uma lenda, muito bonita. Quase tanto quanto a peça. Adoro porcelana pintada de azul.
ResponderEliminarAbraço, saúde e boa semana
é magnífica, no artigo original eles escrevem um pouco mais sobre a pintura (link abaixo).
EliminarBoa semana, abraço e muita saúde
Escrito por ti, até passo a gostar de contos coreanos. O ministério de educação, é um orgão mentecapto, ou não te teria perdido.
ResponderEliminarComo vai a moenga, afilhado mailindo
ehehehehe, só traduzi e inventei um pouquito
Eliminarvai tudo bem e por aí? beijos madrinha maifofa
As pegas são matreiras. A minha tia tinha uma que passava a vida a chamar por ela como as vizinhas quando iam lá a casa e a cada 'ó Milinha' a minha tia vinha à rua ver quem chamava por ela e maldizer a pega com um 'ai a p#ta!' que se adequava bem à pega em questão.
ResponderEliminarAcho que já tinha contado isto. Se calhar não é a primeira vez que falamos de pegas...
ehehehehehe, nã me recordo de o teres contado, é muito bom
EliminarAh, ah...gostei do realismo do Carvalho (será uma vingança por ser um lenhador?:) Mas pronto, a humanidade salva por pegas também é lindo...
ResponderEliminar~CC~
interrogo-me, se todos os seres vivos pudessem dizer o que pensam, principalmente sobre os humanos, se nã ficaríamos demasiado surpreendidos com a honestidade de uma árvore, ou de um tigre :)
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