batráquio
Acontecia-lhe por vezes, quando semicerrava os olhos,
observar o que não era visível para a maioria. Como se uma meia dimensão lhe ficasse acessível. Trazia nessa altura a roupa
colada ao corpo e a sensação de mil punhais cravados nas costas. Faltava meio
parsec para o transporte chegar ao destino, podia ouvir anunciar aquando do
fecho automático das portas. Tinha de permanecer imóvel, perder a
sensibilidade, principalmente na grande porção de epiderme que lhe cobria as
espáduas até ao dorso. Fechou os olhos e tentou meditar, focando a atenção no
ar que sem esforço fazia entrar nos pulmões, mas após duas ou três tentativas
desistiu, impressionado com os odores revelados. Abriu os olhos. A luz no
interior do transporte era suave, projetada intencionalmente para o tecto. Das janelas negras pressurizadas apenas
recebia os reflexos daquela dimensão. Quase todos os ocupantes levavam os ecrãs ligados diante dos
olhos, iluminando os seus rostos possuídos com cores e flashes vibrantes. Reparou nas
unhas escuras da mulher que ia sentada de frente. Semicerrou os olhos para a
mulher não sentir que a observava e foi aí que o viu, o grande batráquio. Não o
viu completo, na totalidade de patas e verrugas que teriam a altura de um ser
humano, mas o olho saliente que o mirava atento, amarelo forte com uma fenda horizontal
negra. Estremeceu.
Vida de Samurai não é fácil, não!
ResponderEliminarPor vezes tem de engolir cada sapo... ó se tem!
Beijo, Manel!
ó se tem! e se fosse só isso... se fosse só isso...
Eliminar:)
beijos, Janita