reflexo
No reflexo das janelas do transporte podia ver as pessoas que esperavam na plataforma do outro lado. Não era uma imagem nítida e detalhada. Era mais como num sonho. Mas na realidade, nada é exatamente como vejo. Volto a cabeça para a plataforma e tudo se modifica um pouco. Os meus olhos detectam a luz que é refletida pelos objetos e pelas pessoas, e depois o meu cérebro vai criar uma representação dos estímulos que os olhos receberam. É tudo fabricado na minha cabeça, até as sombras que resultam da ausência de luz ou da sua diminuição quando encontra no caminho objetos opacos. Por falar em objetos opacos, terminei o livro de mais de quatrocentas páginas e estou sem saber para onde olhar. Volto ao reflexo nas janelas, imaginando que eu próprio estou a refletir em diversas direções enquanto atravesso a cidade. Não sou eu na verdade, apenas a luz que se reflete. Continuo aqui, integro, feito do mesmo daquelas estrelas que podem já ter desaparecido, mas que a sua luz emitida continua em trânsito. Quase que jurava que no sonho havia reflexos de luz nas ondulações do seu cabelo. Ela estava então de costas, irreal, o cabelo refletindo uma luz imaginada. Aproximei-me deslizante como é nos sonhos e comprimi a minha felicidade ao corpo dela.
Self portrait reflection taken in subway overlaying reflection and image. Josh Dunlop |
Valha-nos essa luz que certas pessoas reflectem nos cabelos ou nos olhos e que nos dá vontade de aproximar, seja nos sonhos ou na vida real.
ResponderEliminarhum, é uma teoria que nã explorei... se calhar essas pessoas nã refletem, elas emitem :)
EliminarExistem de fato muito reflexos na vida. Gostei de ler
ResponderEliminar.
Um Carnaval alegre e feliz. Saudações poéticas
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Poema: “” É Carnaval: Brinque-se … ””…
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obrigado Ricardo, um feliz Carnaval e boa semana
EliminarLi tudo lentamente, tentanto compreender a imagem feminina que parece ter uma máscara, por sinal bastante feia, afixada no rosto.
ResponderEliminarQuando li a tua úlima frase esqueci tudo...Que lindo isso, Manel.
Mas, diz-me, como se comprime a felicidade de alguém, ou a nossa, de encontro a um corpo alheio?
Beijos, Manel.
eheheheheh, acho que a senhora da foto tem um lenço na cabeça, nã uma máscara... lá está, os reflexos podem enganar!
Eliminarnã era um corpo alheio o do sonho e o sentido era menos lindo do que imaginaste :) na versão original talvez se entendesse melhor qual era o meu estado, mas quando comecei a reescrever achei que era mais poético deixar só a ideia de comprimir a felicidade...
beijos
Deixa-te acender!
ResponderEliminaracender teria sido realmente um título mais apropriado :D
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