narrador

 

O narrador era um homem pequeno, mas tão pequeno que parecia ter sido dobrado a meio. E também era pálido, de aparência frágil, como se fosse feito de papel molhado. Sempre que lhe perguntavam qual era o seu mister, a resposta suscitava confusão e sobrancelhas espetadas de incredulidade. "Narrador", repetia o pobre homem, acentuando corretamente cada palavra como se a sua vida dependesse disso. "Sou narrador salvador". A maior parte das vezes a repetição era suficiente e a partir do momento em que se desfazia a confusão daquela pessoa de aspeto tão delicado não ser de facto um desses indivíduos que passam o dia na praia à espera que alguém suficientemente idiota se aventure no mar, as dúvidas ficavam todas esclarecidas e já ninguém questionava qual seria a função de um narrador salvador.




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