perseguições

 

A passagem foi gradual para não estranhar. Primeiro fiquei de férias do turno mais longo, ocupando as manhãs com as tarefas de comprar mantimentos e preparar refeições, e nos inícios de tarde consegui programar os sistemas e testar as funções do módulo. Embora pudesse acordar mais tarde e fazer tudo a outro ritmo, só quando ao fim de uma semana o segundo turno terminou de vez, é que me senti completamente de férias. Foram seis meses de dois turnos que chegaram ao derradeiro fim. Dentro de duas semanas volto ao normal (se é que há algo de normal em mim), mas até lá tenho de descobrir o que fazer com tanto tempo livre.  No primeiro dia dormi tudo o que me tinha ficado em dívida (pedi um extrato da conta ao cérebro), depois comecei a tratar da roupa e a destralhar. Mesmo aqui consigo acumular tralha. Deve ser alguma necessidade ancestral inerente ao ser humano. “Vou guardar este parafuso porque algum dia sou capaz de vir a precisar dele”. O problema é que nem tudo é do tamanho de parafusos e dei por mim a ocupar metade do meu habitáculo com cenas que não lembram nem ao menino Jesus (sim, pode ser doença).

Agora que as coisas começaram a ficar limpas e organizadas, o tempo esticou substancialmente (é tudo ilusório) e então hoje decidi percorrer a lista de leituras do blog e a partir daí encontrar outras leituras. Não sei se há outra forma mais simples de encontrar blogs que me interessem, mas é assim que faço desde o paleolítico. Infelizmente descobri com alguma tristeza (foi muita até, mas não quero aborrecer as pessoas com os meus problemas), que mais de metade das páginas que sigo não me deixam sequer entrar (será só a mim?) ou então estão abandonadas há vários meses ou anos, como embarcações fantasmas à deriva na imensidão da internet.

Vou manter a lista sem lhe tocar e a esperança em aberto.

Se é só a mim que me mantêm ao largo, eu compreendo. Até a mim me aborreço. 




Comentários

  1. Muitos blogues foram abandonados e trocados pelas redes sociais. Quanto ao guardar tralha, penso que isso está nos vossos genes. Meu pai tinha gavetas cheias de coisas que lhe podiam vir a fazer falta algum dia e que nunca fizeram até à sua partida. Meu cunhado a mesma coisa. Meu irmão Idem, idem, e meu marido aspas, aspas. E minhas vizinhas se queixam da mesma coisa em relação aos maridos, .falam mesmo num ditado que diz "Guarda o que não presta, terás o que precisas" Influência ou não da religião, pois não se diz que Jesus Cristo apanhou e guardou uma ferradura ferrugenta que encontrou no caminho e que trocou por cerejas com que matou a sede?
    Abraço, saúde e obrigado pela visita.

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    1. achava que era um defeito geral e nã de género :) nã conhecia a da ferradura, obrigado eu pelo conhecimento partilhado
      abraço, continuação de boa saúde e boa semana

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