insosso

 

Habitualmente, mesmo quando a manhã não corria pelo melhor, ele pendurava o mau humor juntamente com o casaco no cabide e era a animação daquele pequeno grupo durante o intervalo de almoço. Diria que nada parecia incomodá-lo, tudo ficava à porta, aproveitando o momento para conviver e conhecer um pouco melhor os colegas. E nunca lhe faltavam histórias bizarras e divertidas, como daquela vez que já um pouco tocado, caiu numa rede de camarões e por sorte foi salvo por uma ostra jeitosa, toda ela cheia de pérolas. Outras vezes fazia uma das suas famosas imitações, quase sempre do encarregado com os seus longos bigodes que se contorciam quando alguém o enraivecia, gaguejando continuamente “Oh Oceanos!”. Era muito aplaudido, mas em qualquer coisa que fizesse, fosse cantado ou declamado, com os seus oito tentáculos e uma miríade de cromatóforos, a mesa de almoço virava palco e o Sr. Polvo, o artista. 

Só que nesse dia estava abatido, mirrado, parecia que o tinham cozido. Ninguém o reconhecia. Foi o último a colocar o “tupperware” no microondas e dois minutos depois sorvia sem alma uma sopa insossa de caranguejo e enzimas…


agradeço a quem queira dar uma possível continuação, a sério, até ofereço alguma coisa...e podem ser só umas linhas, ou muitas linhas :)




Comentários

  1. Foi-se o humor do Sr. Polvo neste regresso. Há uns bons meses que não aparecia, e não me parece que tivesse algo de novo para dizer... e por maior que seja o seu ego, sopa insossa é intragável.
    Ficou o humor do autor do texto. Gostei de ler.
    Abraço e saúde

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    1. amiga Elvira, estou certo que arranja aqui uma continuação com muito mais humor e que conduza o Sr. Polvo até um final feliz... hum, vá lá :D

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  2. Sopa de caranguejo e enzimas? Baaaaahhhhhhhhhhh
    .
    Cumprimentos cordiais.
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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    1. uma delícia... com um toque apimentado de veneno de polvo!
      :D

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  3. "...ao longo do dia, com aquele estranho mal-estar a ganhar corpo no corpo do nosso sensível Senhor Polvo, nem a lembrança da ostra jeitosa o animava e trazia de volta o seu rico sentido de humor. Sentia a cabeça zonza, o corpo desfalecido, os olhos lacrimejantes.
    Foi-se a ver e - quando amanheceu - tudo não tinha passado de mais um sonho requentado. Nessa manhã luminosa, ecoou por toda a costa marítima lusitana, a sonora gargalhada do cigano mais amado deste Planeta. Quem mais, além de mim, a terá ouvido?...

    Beijos e rápidas melhoras Manel. :)

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  4. ...Ao longo do dia foram-se acentuando os sinais de mal-estar, fazendo pesar mais o corpo sensível do Senhor Polvo. Nem a lembrança da ostra jeitosa coberta de pérolas genuínas conseguiam dar corpo e vida àquele corpo alquebrado e definhado. Foi-se a ver - quando amanheceu - tudo não tinha passado de mais um sonho/pesadelo do cigano mais amado deste Planeta e arredores.
    Então, ecoou por toda a costa marítima lusitana, o som de uma sonora gargalhada. Será que para além de mim mais algum habitante do mar e da terra a ouviu...?

    Manel, este é o segundo comentário que escrevo, o outro, ou fugiu ou se alojou em spam. Este seguimento ao teu belo escrito já leva a marca do esmorecimento. :)
    Mas como não resisto a um pedido teu, olha, foi o que deu...

    Abraços.

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    1. Olha...afinal apareceu. Eheheheh
      Agora escolhe o que mais gostares.

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    2. ehehehehehehe, isto anda tudo avariado! muito agradecido, mesmo muito e se nã te importas ficam os dois :) pois nã saberia qual escolher
      e nada de esmorecer... que é isso... já basto eu :D
      beijos e abraços

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  5. Para o Sr Polvo cá vai, "á la carte", uma brincadeira porque estou de saída para o resto de uma formação mas, não resisti:

    “E eis que enquanto o Sr Polvo sorvia a sopa, pensando que mais valia passar sem almoço, entra uma colega nova, a menina Sereia.
    O Sr Polvo, a trabalhar em casa há mais de um ano, ainda não tinha tido a oportunidade de conhece-la.
    Caramba, é linda!, pensou para consigo. Quase se engasgou com o raio da sopa.
    Posso sentar-me, pergunta ela? Claro, responde ele, tentando limpar a boca e segurar a colher, atrapalhado afinal com os seus oito braços.
    Ela coloca a comida no micro-ondas e carrega no botão mas, não acontece nada.
    Não há luz, pergunta?
    Deve ter desligado o disjuntor, responde ele. Costuma acontecer. Eu vou lá.
    Ao regressar e provar a sopa, já não lhe parece sem sal e sem sabor.
    Ela olha para ele e sorri.
    O Sr Polvo, habituado a cozinhar, considerando-se até um cozinheiro de mão cheia, não sabe se ela lhe corrigiu o tempero da sopa ou da Vida".

    (inspirado em alguns factos reais, durante os almoços na cozinha do meu serviço)

    Vai andando bem? O Sr Covid não tem chateado muito?

    Um abraço, Manel!

    Sandra Martins

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  6. Ora bolas!!..Então isto de dar continuidade às histórias não se recomeça a partir das reticências deixadas pelo último comentário, como se fosse uma novela?
    Se é para voltar à parte inicial, nunca mais esta história do Sr Polvo vai ter um final, seja ele feliz ou infeliz...
    Ó Dona Sandra, isto deveria ter recomeçado assim:
    “...E eis que enquanto a gargalhada do Sr. Polvo era ouvida ao longo de toda a costa, também a ouviu a menina Sereia, uma nova colega de trabalho, etc, etc, etc...

    Agora vou andando, antes que venham paus e picaretas cair-me em cima. :))

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  7. Peço desculpa, foi mesmo para a paródia.

    Cá vai então a versão seguimento:

    ..E eis que enquanto a gargalhada do Sr. Polvo era ouvida ao longo de toda a costa, também a ouviu a menina Sereia, uma nova colega de trabalho.
    O Sr Polvo, a trabalhar em casa há mais de um ano, ainda não tinha tido a oportunidade de conhece-la.
    Caramba, é linda!, pensou para consigo. Quase se engasgou com o raio da sopa.
    Posso sentar-me, pergunta ela? Claro, responde ele, tentando limpar a boca e segurar a colher, atrapalhado com os seus oito braços.
    Ela coloca a comida no micro-ondas e carrega no botão mas, não acontece nada.
    Não há luz, pergunta?
    Deve ter desligado o disjuntor, responde ele. Costuma acontecer. Eu vou lá.
    Ao regressar e provar a sopa, já não lhe parece sem sal e sem sabor.
    Ela olha para ele e sorri.
    O Sr Polvo, habituado a cozinhar, considerando-se até um cozinheiro de mão cheia, não sabe se ela lhe corrigiu o tempero da sopa ou da Vida"...

    Abraço,
    Sandra Martins

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    1. ehehehehehehe, muito bom, e como ele, o Sr. Polvo, percebe de disjuntores... muito agradecido pela participação, aqui com uma reviravolta no tempero da vida :)

      (estou bem obrigado, sr covid está pacífico... abraço)

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  8. Ah Manel, se a Flor não estivesse a fazer férias por tempo indeterminado, após ter cumprido a promessa de um post por dia durante o último mês de 2021 e Dom Xilre já estivesse livre da cura, pior do que a doença, diga-se, que é a tal falssíssima Orchidée, com mezinhas e lamentos, atrever-me-ia a dizer-te que tanto um como outro, já te teriam trazido, aqui, à boca de cena, um final de tal modo comicotrágico que iria ficar para a História dos Contos Absurdos.
    Assim, tens de contar somente com a boa vontade desta boa gente que mais não tem, senão, mais te daria. Não é, Sandra?
    Damos pouco, mas de boa vontade! :)
    Abraços para ambos.

    PS- Quem sabe se no fim de semana prolongado, que já se avizinha, não apareçam a Ana ou a Capitã, hãããã... ;)

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    1. nã considero pouco, aliás acho que é mais do que mereço :D obrigado às duas pela participação, foi divertido, dei umas gargalhadas valentes :)

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  9. Pode repetir, Manel!
    Eu também achei divertido. E é sempre bom dar "ar aos neurónios".
    Abraço,
    Sandra Martins

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