vontade
A vontade assaltou-me eram umas três da tarde. Sentei-me com a segunda chávena de café e deixei que se apoderasse das partes de que necessitava para se replicar. Dito isto, não me responsabilizo pelo que vem a seguir. Foi a vontade.
A minha vida é como aquelas refeições rápidas que se vendem
num copo e que basta adicionar água quente para ficarem prontas: o resultado é uma tragédia
sem sabor, não vale o que custa, mas dá para viver. Se pensar bem posso dizer
que o único momento digno de reparo em toda a semana foi descobrir que tenho
uma aranha branca cá em casa que está obcecada comigo e por duas vezes salvei-a
de ser passada a ferro. É claro que pode não ser a mesma aranha. Posso simplesmente
ter um ninho de aranhas brancas que estou a salvar em lop. Ou então não há aranha nenhuma e estou simplesmente a ter visões. Mas sou eu o único culpado, o grande sabotador
da minha vida que planeia ao milímetro dias inúteis e simplesmente esquecíveis, uns a seguir aos outros. Sou tão dedicado que mergulho de cabeça numa tristeza peçonhenta, arranjo desculpas para ficar fechado
em casa e vou evitando os prazeres modestos que a vida me oferece. Já me
disseram para cortar no glúten, que a culpa é da minha flora intestinal, que me
domina o humor e faz-me sentir aborrecido e de mal com o mundo. Mas eu sei que
a culpa não é do glúten, nem das minhas queridas e fieis amigas bactérias, nem do bom tempo, nem do tamanho do
meu cabelo que parece que estou sempre com um capacete. A culpa esta semana é
minha, somente minha. E talvez um pouco
do mercúrio retrógrado.
Passar a ferro é um desperdício de tempo, um consumo desnecessário de energia e péssimo para as aranhas brancas.
ResponderEliminarPor isso, só passo mesmo o muito indispensável. Por isso e porque a minha vontade/disposição para tarefas domésticas é mínima...Talvez melhore na próxima etapa da minha vida - o desemprego (total novidade para mim)
vais para o desemprego por vontade própria ou alheia? hum... acho que nunca ai estive, mas certamente vais conseguir arranjar algo melhor, se calhar esse é o caminho :)
Eliminar( confesso que passo tudo a ferro, à excepção de meias e boxers, porque na verdade nã é muita coisa e o espaço de arrumação é mínimo. talvez o espaço nã seja um dos meus privilégios :))
A NOS fez o favor de despedir 60 pessoas em Coimbra. Já me tinha despedido nunca me tinham despedido. Vou aproveitar os apoios sociais que conquistei com anos e anos de descontos para 1°descansar 2° procurar outras coisas...
Eliminaré esse o espírito :)
Eliminarvai e nada de aceitar menos do que aquilo que mereces
Com "vontade" de escrever, voltaste tu. E devias ver, como sorrio contente.
ResponderEliminarBeijocas, afilhado mailindo :)
ela é que voltou e tomou a tarefa nas suas mãos... eu sou apenas um meio :)
Eliminarbeijos madrinha, espero que esteja tudo bem por esses lados
Nisso do isolamento voluntário, devemos ter os mesmos genes.
ResponderEliminarTambém sofro do mesmo mal. Já me habituei com a minha costela de eremita e vou vivendo e convimento bem com isso.
O importante é que estás de volta com os teus escritos fascinantes.
O resto vai passando com umas idas à praia molhar os pés... :)
Beijos, Manel.
* convivendo, óbvio!
Eliminarmas conviver contigo deve ser pacífico... imagina comigo :) e com uma oficina de furacões...
Eliminaré bom retornar e com vontade, vamos lá ver se nã assusto a bicha
beijos
É sempre um prazer tê-lo de volta!
ResponderEliminarNão me parece que quem escreve assim esteja aborrecido e de mal com o mundo.
Ainda por cima com a noção que devemos aproveitar os prazeres modestos que a Vida oferece.
Também me parece que é esse o caminho.
Por isso, toca a aproveitar! Se a companhia for um livro, uma imperial, um gin ou outra coisa
qualquer, qual é o problema?
Um abraço do Algarve ,
Sandra Martins
A Sandra diagnosticou-me logo o problema... livros, imperiais e gins a menos :)
Eliminaré um prazer voltar e espero que desta vez seja por um período mais longo de tempo
abraço
Aranhas não são aquela coisa que anuncia entradas inusitadas de dinheiro?! :)))
ResponderEliminarBranquinha totalmente acho que nunca vi nenhuma...suponho que não será idosa...
Há bichos com os quais tenho pior convivência, confesso.
~CC~
sim, sim... eu nunca mato aranhas... mas está difícil de ver dinheiro a entrar... será que tenho de abrir uma porta? Acho que estas mudam de cor, e se o fundo for claro ficam brancas... vou tentar encontrar na net mais informação... nem sei quanto tempo vive uma aranha...
EliminarMandei te a Milu por uma temporada, trata-se bem. Asseguro te que se aguenta lindamente com humanos perdidos e tristes, mesmo que disfarçados. Só não te ponhas com modernices (aulas de piano e comida sem glúten) como a Cuca fez.
ResponderEliminarUm abraço apertado, Manel.
então se calhar está explicada a obsessão :) fica descansada, nã há cá coisas sem glúten, nem educação privilegiada... mas estou com algumas dúvidas, é preciso algum prato com areia? tenho de ir com ela à rua? o cenas das melgas, posso continuar a usar?
EliminarAreia só para os (teus) pés, quando fizeres praia na varanda :) ir à rua, vai sozinha, sempre e quando lhe apetecer :) 'cenas das melgas', espero que te refiras a uma osga de estimação :) sem problemas, Milu faz amizade com a concorrência.
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