głowa
Quando no início de agosto Cora me convidou para passar uns dias no campo em casa da mãe, aceitei de imediato sem perguntar quem mais estaria para além dela e Deméter, a lindíssima mãe de Cora. Sabia que o marido de Cora não suporta o campo nem a sogra e esse conhecimento prévio contribuíra significativamente para a minha decisão apressada e irreflectida. Mas esse não foi o único motivo. A beleza das duas e a tranquilidade do campo atraíram-me como a luz atrai os mosquitos. Não pensei é que essa luz pudesse vir dos faróis de um camião. Nem pestanejei. Cora até me arranjou boleia com Brama e Sarasvati que fizeram um desvio de trezentos quilómetros para me apanharem e quando chegaram no seu coupé minúsculo, Despina também lá vinha. Foi arrependimento instantâneo.
-Huracan! Meu leopardo fofo. Nem te reconhecia, estás diferente, será dos óculos ou aparaste as garras? Despina é a meia-irmã mais nova de Cora, mal amada e abandonada pela mãe que só se preocupa com a filha mais velha, desde que esta foi viver com o marido para o submundo sem lhe dar notícias do seu paradeiro. Isso fez com que Despina se tornasse uma divindade mordaz e azeda, que raramente consegue conter no seu interior o veneno que destila. A viagem era longa, por isso deitei freio na língua e respondi que era dos óculos, pois as garras ainda as tinha e bem afiadas para a agarrar. Mas a deusa da geada, a que caminha sozinha, tem sempre uma resposta iminente e cortante nos lábios. No entanto, e em contraste com a sua natureza gélida, usa sempre nomes meigos para me nomear.
-Coração dos Céus! Não venhas com falinhas mansas, sei muito bem a quem pretendes meter as garras e algo mais se assim o conseguires… olha, ficou vermelho! Vá, meu querido Néctar da Terra, não fiques acanhado. E dizendo isto, acariciou-me a cara com as mãos frias, retomando o tom esverdeado e terroso normal. Por sorte, ou azar, uma discussão havia germinado nos lugares da frente, fruto de uma discórdia entre seguir as indicações do GPS, ou seguir o saber divino do grande Brama. Nem eu nem Despina tomamos partidos, pois como dizem os mexicanos: O casamento é a única guerra em que dormimos com o inimigo.
Brama e Sarasvati sempre discutiram, mas pareciam mais arredios, calados. A história de como se conheceram e de como Brama se apaixonou à primeira vista, sempre deixou mulheres a suspirar e homens a invejar a sua sorte. Ele conta, e como o entendo, que era impossível tirar os olhos dela, tal é a sua beleza e delicadeza. Ela, envergonhada com a perseguição do amante e porque não é fácil obrar em condições, tentava esquivar-se constantemente. Então Brama criou mais três cabeças, cada uma orientada para os quatro pontos cardeais e que podiam seguir Sarasvati em todas as direcções. Depois, e porque Sarasvati era malandreca, criou uma quinta cabeça, mas essa foi estorricada pelo terceiro olho de Shiva que parece um lança chamas, tornando-se este assunto um tabu oficial, evitado em todas conversa a qualquer custo. E foi assim que fiquei a saber que cada mulher tem em média, durante a sua vida, quatrocentos e cinquenta períodos. E também que as abelhas obreiras são todas fêmeas.
głowa- cabeça
Olá:- As coisas que aqui se leem e aprendem, lol
ResponderEliminar.
saudações poéticas
nã leves tudo muito à letra :)
Eliminarabraço
450?
ResponderEliminaré uma média...
EliminarNão sabia que eram os mexicanos que diziam isso...Pensei que só a Nancy Price - autora do livro - e a pobre Julia Roberts, que se fartou de apanhar pancada, é que sabiam disso de "Dormindo com o Inimigo"...Realmente, este blog é uma fonte inesgotável de conhecimento...
ResponderEliminarBeijos, Cigano, e sonha com fadas e duendes , deixa lá essas minudências das mulheres e das abelhas... :)
se eu soubesse mais das minudências das abelhas e das mulheres, era mais sábio :)
EliminarAs coisas que uma p'ssoa aprende aqui. Gostava de ter mais cabeças também, quem sabe vários cérebros e muitos olhos ajudassem a ver e perceber certas coisas :)
ResponderEliminarum terceiro olho na testa que lança chamas dava muito jeito, agora múltiplas cabeças... já é difícil controlar o cabelo de uma, nem quero imaginar mais três...
EliminarPercebo pouco de deuses e deusas embora ache muito interessante a matéria, quem sabe um dia dedico-me. Mas o meu pai, um entendido em todas as coisas da cultura pouco comum, sempre me disse que eu era Deméter, deusa da terra. Nunca liguei muito, mas o que me diz de tal deusa, não deve ser flor que se cheire, aposto:)
ResponderEliminar~CC~
é uma deusa muito importante, se calhar uma das mais veneradas noutros tempos, pois diz-se que ela ensinou a agricultura aos mortais, sendo a deusa da colheita e por assim dizer, da fertilidade
EliminarOra bolas...
ResponderEliminare eu apensar que já aqui tinha comentado....
Até tinha sido um comentário giro, sobre as mãos geladas... e a história do que nem só de beleza vive o homem e blá, blá,blá....
isto está gripado... também estou com dificuldades em comentar... e agora perde-se um comentário giro, ou quem sabe, duzentos comentários giros... nã havia necessidade
EliminarNão falta aqui o post do dia 23?
ResponderEliminartenho um péssimo hábito de nã levar nada até ao fim
EliminarTá tudo bem contigo, Manel?
ResponderEliminarNã te deixes apanhar pelo bicho mau. Cuida-te bem.
Beijo. :)
Um encantador piscar de olho às mulheres, sem dúvida. :)
ResponderEliminarAbraço