tigre
Contei as moedas escuras que tinha no saco, mas continuava sem ter o suficiente para a viagem. Não imaginava quanto ficava o aluguer de uma caravela, mas muito possivelmente seria mais do que alugar um carro. Depois ainda teria de arranjar uma tripulação, pagar seguros, licenças e impostos de navegação. Estava a matutar nos números quando Kokoschka e Alma apareceram, segurando um tigre gigante sem riscas pela trela. Não te preocupes com o dinheiro mein lieber, disse Alma, desimpedindo a mesa para se sentar. Arranjei-te um patrocínio para a caravela, está tudo preparado para partires. Faz a mala, disse Kokoschka, que a gente deixa-te no cais. Meti os meus lápis e canetas, cadernos e livros na forra de um casaco, enrolando o volume com uma tira de couro. Juntei duas cuecas, um par de meias e uma t-shirt, fazendo um outro volume, que também prendi com uma tira semelhante. Descemos para o carro, atrás do tigre que saltava seis degraus de cada vez. É isso que levas? perguntou Alma, com um sorriso divertido e ao mesmo tempo maternal. É só um fim-de-semana, segunda tenho de voltar ao trabalho. Respondi-lhe, enquanto tentava calcular a velocidade de uma caravela e a distância que tínhamos de percorrer. Quanto tempo demora a chegar ao Brasil? Quatro anos, respondeu Kokoschka. E acordei.
Oskar Kokoschka, tigerlowe, 1926 |
Há um Borges em ti! Sonhaste um tigre :)
ResponderEliminar(Tão bonito, Manel)
nunca li Borges!
Eliminar(só cá entre nós, era o gato dos meus tios, mas isso tinha quase ou nenhuma piada)
Nunca mais te irei passar a mão na cabeça, Cigano!
ResponderEliminarE não penses que é por estar aborrecida, já vi que não houve intenção da tua parte em me ferir. Quero é que cresças, literáriamente, sem necessidade de estímulos nem comparações.
Tu, és tu; único, inigualável. Quando não nos aceitam como somos, é melhor rodar nos calcanhares e marcharem.
Escreve, ou não, mas sê tu, autêntico e verdadeiro.
Não venhas mais para cá com lamechices, senão, dou-te nas orelhas... :)
e eu nunca mais uso dois pontos com cenas. é uma promessa.
EliminarManel, faz pontos e todas as cenas que quiseres. Em sua casa cada um é rei. E tu, Cigano, és digno da minha amizade e inteira confiança. :)
EliminarSó te digo o que sempre te disse. E já lá vão alguns anos. Tu e a pena são um só.
ResponderEliminarBeijinho afilhado mailindo quinté
pena que eu tenho de nã ser só pena... a parte do eu era mesmo desnecessária.
Eliminarbeijocas madrinha mais
Podemos sempre trocar a pena por uma esferográfica :-)
EliminarSe é o queres, posso emprestar-te umas moedas.
ResponderEliminarjá tenho um patrocínio... mas muito obrigado pela gentileza
EliminarO problema dos sonhos é esse... No melhor que a pessoa está, de partida para um glorioso fim de semana, acorda. E o mais certo é acordar logo na segunda-feira.
ResponderEliminaracordar no pesadelo que é a segunda feira. falta muito para sábado?
EliminarDescobri o teu blogue pela Noname e parece-me estar quase na descoberta do Brasil... Um belo texto, com um sonho bem "artilhado" com palavras bestialmente bem escritas.
ResponderEliminarAbraço e bom fim de semana
mui agradecido, abraço
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