yalnızlık
Havia seis postais de natal com
caligrafias diferentes, dispostos lado a lado na laje sobre a lareira. Esses
eram os únicos objectos que me recordavam que era natal e ao mesmo tempo, conferiam
alguma humanidade ao dono da casa. Não era a pessoa mais agradável do mundo, já
tinha encontrado nos contentores do lixo texugos mais simpáticos. Observei os
postais de perto, enquanto me secava junto à lareira. Metade estavam escritos
em polaco, os outros estavam em russo, inglês e talvez turco. Não ousei
pegar-lhes e ao primeiro ruído vindo da cozinha, desviei o olhar para a outra
parede onde uma estante cedia sob o peso de muitos livros. Era uma estante
estranha e a altura entre prateleiras não permitia que os livros mais altos ficassem
em pé, sendo a sua disposição muito aleatória, mas de forma que nenhum espaço estivesse
vazio. A curiosidade atacava-me sem piedade, as lombadas reclamavam os olhos, mas as meias molhadas já
tinham deixado um rasto desde a entrada até à lareira e decidi não me mexer.
O homem entrou na sala carregando
um tabuleiro com chá e mel para adoçar. Desconfio que tinha estado a
observar-me antes de entrar, porque olhou para os postais como se estivesse
arrependido por os ter deixado assim tão vulneráveis à curiosidade de um
estranho. Depois olhou para o rasto que eu tinha deixado desde a porta e que
muito lentamente ia secando. Fez sinal que me servisse de chá e voltou a deixar-me
sozinho. Henri tinha avisado sobre a personagem a quem todos chamavam de “velho”,
mas eu não tinha nada para fazer e queria a cabeça ocupada. Quando regressou,
com um par de meias na mão, já tinha bebido uma chávena cheia e preparava-me
para a encher novamente. Recusei as meias, mas ele insistiu e voltou a encher a
chávena. Até este momento não tínhamos trocado mais de sete ou oito palavras,
todas em polaco, e nessas sete ou oito tínhamos acertado um negócio e combinado
aquele dia.
Troquei as meias e notei que as colorações normais voltavam às mãos e à cara, e era
como se regressasse lentamente à forma de gente. Levantei-me, e esperei com esse gesto que
o homem também se levantasse e depois das contas acertadas, caminhasse comigo
até à porta. Mas o homem olhava como que hipnotizado para as labaredas de fogo
e por educação voltei a sentar-me. Estivemos assim por algum tempo, no silêncio do crepitar da lenha, sentados em mundo opostos, até que o homem disse que o primeiro postal a contar
da esquerda era da sobrinha que já não via desde pequena. A solidão Sr. Mau Tempo, acrescentou
num inglês sem sotaque, é como ter uma só meia e dois pés frios.
não nos faças isso, menos ainda a ti!
ResponderEliminarfazer, eu? nã faço nada :) tou aqui a vegetar, quietito no meu canto
EliminarOh, Manel...tanto o texto como a imagem são a perfeita desolação que existe na solidão!
ResponderEliminarPode não te servir de nada, mas a mim isto vai servir para me sentir mais acompanhada...O quê? Olha; um abraço apertado e dois beijos: um de cada lado!
qualquer dia nã me resta nada sobre o que escrever :)
Eliminarvá, beijos
acho que alguém que recebe cartas escritas à mão é menos só do que pensa.
ResponderEliminarverdade :)
EliminarTambém acho Tétisq, também acho, salvo que as cartas sejam já do século passado :)
ResponderEliminarAfilhado Mailindo, tu hás-de matar.me de preocupação.
Beijinho repenicado
mas que tolice... eu tou bem, todo mundo aqui tá bem :)
Eliminarbeijos
Então Manel? Tudo bem por aí, contigo?
ResponderEliminarOlha...esclarece-me lá uma dúvida, sff...:-
O título deste teu postal, em português, significa Popularidade, ou é o tradutor do Google que anda maluco?
Em caso afirmativo - ser mesmo verdade - porque escolheste este título?
Cá fico à tua espera. Beijos. :)
tens de traduzir do turco :)
Eliminarmas nã dês muita importância aos títulos, são só palavras...
beijos
Este comentário foi removido pelo autor.
EliminarManel...peço-te mil perdões, mas vou apagar um comentário meio parvo que aqui deixei. Voltei e li e não gostei...Ai, esta minha mania de, por excesso de bem-querer, imiscuir-me nas coisas de foro íntimo dos outros.
ResponderEliminarDesculpa, uma vez mais...beijinhos! :)
Volta, ciganito, volta! Juro que nunca mais irei fazer qualquer reparo sobre nada do que escreveres, seja sobre solidão, sonhos em que moças tontas te rejeitam, a outra das chaves perdidas, o que for! E já agora...aconselho a que todas sigam o meu exemplo.
ResponderEliminarOlha que se não vieres lanço uma petição para angariar trezentas mil assinaturas!
Se nã venho aqui mais vezes é porque a inspiração anda ausente :) escreve o que quiseres, sempre que quiseres... quantas vezes desejares... eu aprecio, é sincero
EliminarAh, Manel...obrigada por dares notícias tuas.
EliminarJá tinha cem mil assinaturas...quase todas minhas , com nomes inventados. Ups. :)
Beijos.
ehehehehehe, guarda para te candidatares a presidenta da república
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