saliva
Se me fosse dada novamente a
oportunidade de escolher um dom, a minha primeira opção seria, sem qualquer
dúvida, o dom de estar calado. Não sei o que me leva a abrir a boca, havia
tantas maneiras de ser gentil e conservar as minhas opiniões lá no sítio recôndito
onde costumam estar, mas tal não acontece. E dou por mim a discursar sobre a
educação das crianças, diante de um público de meia dúzia de pessoas, todas com
ideias contrárias e prontas para atacar as minhas fundadas e pensadas teorias. Eles ouvem, mas não escutam. Mas que
interessa aquilo que eu penso? E porquê que estou a usar todos os meus
argumentos e a contar pormenores pessoais como forma de exemplo? Eu nem sequer tenho filhos. O meu
esforço é em vão, um desperdício de produção de saliva e células cerebrais. Horas depois ainda estou a pensar no meu patético discurso e parece-me
ainda mais ridículo. Prometo que na próxima vez não abro a boca. Não abro mesmo. Digam o que disserem. Mesmo que sejam tolices, como a dos filhos não terem de obedecer aos pais, ou de as crianças terem direito à liberdade de não cumprimentar os adultos. Vou ficar calado. É uma promessa. Não vou voltar ao sermão de que o cumprimento é uma forma de iniciar as crianças a interagirem com a sociedade e blá, blá, blá. Está visto e a ana escreveu muito bem, interacção é coisa que está fora de moda, se calhar mais vale não aborrecer
as crianças com essa coisa da educação e respeito. Afinal dá tanto trabalho. E se a boca se recusar a fechar, já pensei numa alternativa e posso começar a falar de saliva. Parece que produzimos um a dois litros por dia. Muco no nariz é só meio litro.
Quem diria, o nosso Cigano a participar de discussões provocadas pela agenda mediática do momento... julgava-te imune a essas coisas.
ResponderEliminarSe continuares a falar do tempo, as pessoas não se aborrecem contigo. Vives em aborrecimento mas os outros não se aborrecem contigo. Eu não consigo, continuo a aborrecer muita gente.
se pudesse, vivia apenas de ar e vento, livros e bom jazz...
EliminarA vida pode tee liberdade e paixão mas precisa também da revolta para resistir ao absurdo em que se pode tornar.
Eliminar*ter
Eliminarnã achas extraordinário a produção de 1 a 2 litros de saliva por dia?
EliminarAcho, por issose deve dar-lhe uso.
EliminarEm alternativa podes beijar mais. Não achas uma boa sugestão?
oh... sim, uma excelente sugestão...
Eliminartenho a declarar, Stormy, que fazes muito bem em continuar a botar faladura, mas sendo selectivo com as plateias, que gente há, de tal modo inepta, que digas o que disseres, irá redundar nisso mesmo: arrependimento pelo desperdício de tempo, saliva e neurónios, etc.
ResponderEliminareu já vou conseguindo ficar calada diante de umas boas dezenas de pessoas, excepto se estiver de mau humor e precisar de atirar com uma bigorna... parecendo que não, alivia o fardo :)
aproveitando as palavras da alexandra, com as quais concordo totalmente, e também não tendo eu filhos (embora me sinta muitas vezes mãe :), acho bem que opines, se for essa a tua vontade.
EliminarMas ele diz muito bem "eles ouvem mas não escutam", eu cá acho que o pior é que estamos tão cientes das nossas verdades que não escutamos ninguém, nem se trata de ter razão, é o meio-termo porque argumentos válidos há sempre de parte a parte, há uma muita falta de vontade de escutar os outros tão cheios estamos de nós próprios.
Eliminare se eu atirasse saliva? tipo naja cuspideira... assim ninguém me aborrecia, nã?
EliminarOra, Manel, se fores chamado a falar, fala, e se pedirem a tua opinião. opina de acordo com o teu sentir. Diz tudo o que pensas, ainda que sejas o único a manifestar uma opinião contrária à maioria.
ResponderEliminarEra o que mais faltava, ficar calado e embarcar nessa onda de ir-com-as outras...
Beijos, cigano!
Ah...quando vi a imagem pensei que era um monumento à boca da Manela Moura Guedes... :)
Eliminaré uma perda de tempo, quando há tanta coisa melhor para fazer :)
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