Emergi do sono como se o ar me tivesse sido negado, cortado em fios cada vez mais finos que escapavam pelas recentes aberturas nas costelas. Três da manhã e o silêncio era descontinuado um pouco por todas as divisões, como se fosse um rodapé inacabado. No lado não desfeito dos lençóis, havia um rasto viscoso deixado pela fuga da alma. Tornei a rodar. Quatro da manhã o silêncio tomara todos os pisos, alojara-se em cada frincha, imobilizara as criaturas terrenas e etéreas. O sono continuava arredado, mas permaneci quieto na esperança que me encontrasse. Cinco da manhã e o chilrear da passarada desfez o feitiço do silêncio, deixando espaço para o sono, volatilizado nas pestanas pela aurora. Uma hora depois estava diante do espelho, pasmado com as guelras esculpidas dos dois lados. Acordar desalmado era uma coisa, mas acordar na forma de um bacalhau era outra muito mais complicada.
A insónia é como um alucinógeno, faz-nos coisas estranhas!
ResponderEliminarBeijos, rapaz das tempestades :)
é uma tortura... abdicaria de tudo por noites inteiras
Eliminarbeijo, Tutu
Falta o sono, sobram os pensamentos.
ResponderEliminarBeijos, Manel!
Fava Rica?
EliminarAcordar desalmado, feliz expressão! Mas é bom que durante o dia se vá ganhando a alma pois viver desalmado é ainda pior que só acordar assim.
ResponderEliminar~CC~
ela depois volta, como prémio de consolação :)
Eliminardá imenso jeito, nos tempos que correm, acordar parecendo um bacalhau: primeiro as guelras, como a vida está, ajudam a respirar, uma vez que andamos submergidos em estupidez e imbecilidade, que precisamos de algo que ajude à sobrevivência ao nível respiratório. depois, o bacalhau, sendo um peixe tão querido dos portugueses, até eleva a autoestima, que, às vezes, de manhã, anda tão rasteira. boa semana. quanto à insónia, em si mesma, sou-lhe tão afeiçoada, que nem quero magoá-la adjectivando-a de forma agressiva.
ResponderEliminareu já disse que vou tratar das nuvens :) nã está esquecido
Eliminarmas mesmo assim obrigado pelo lado positivo :)
boa semana Mia
Até tu tens pássaros para te acordarem? Isto já não se pode...
ResponderEliminarTambém quero um!
é ao contrário cara Capitã, quando os pássaros começam a cantar, eu durmo...
EliminarTens razão, cigano. Eu é que ouvi falar em pássaros e fiquei logo cega de inveja
EliminarNão me digas que durante esse desassossego te cresceram umas barbatanas[risos]
ResponderEliminarBom dia, Manel
crescem-me as coisas mais inusitadas... crescesse assim o juízo e era tudo bem diferente :)
EliminarA mim dava-me imenso jeito respirar por guelras, sem ser um bacalhau.
ResponderEliminarAcabar espalmada e seca, até me provoca calafrios...Mas já sonhei que era um pássaro. Se soubesses como é boa a sensação de voar, não querias sonhar com outra coisa. :)
Beijos, Manel!
mas cara Janita, eu já voei e nã foi em sonhos! a aterragem, é que pareceu um pesadelo :)
EliminarOra, caro cigano...tenta de novo, quem sabe não tenhas entrado no avião errado?
EliminarNunca pensei que fosse possível achar tão bonito um texto que mete "bacalhau" pelo meio. Ou no fim, melhor dizendo.
ResponderEliminar:)
nã gostas de bacalhau?
EliminarEntão não?! É claro que gosto. Cozido, assado, na broa, sei lá eu...
EliminarOu seja, prefiro comê-lo do que lê-lo. ;)
Então, Manel, não tens sonhado nada?...
ResponderEliminarAproveitaste o fim-de-semana para dormir, um sono sem sonhos?
Às vezes, é preciso, sim...boa semana, cigano!
sonhei sim senhora, que eu nã sou indivíduo que fique sem sonhar... só nã achei que fosse interessante. boa semana, Janita
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