wymioty
Juro por Nosso Senhor Deus que nunca tinha visto ninguém vomitar assim. Nem mesmo aquando da travessia do mar de
Bering, com vagas de quinze metros, em que toda a tripulação se empoleirou na
amurada e quase viraram o barco. Mas é preciso encher a página com o início
desta história ou serei deposto do meu cargo de escrivão real da frota.
Regressou a este galeão Cuca Melissa Pamela, que Deus
perdoe, de mais uma desventurada viagem às Caraíbas, a vinte e oito de abril
do anno de dezoito. Julgamos atão ter a Fortuna como passageira a bordo, e numa
semana atacamos com sucesso três cruzeiros de velhinhos e um navio escola. Com
o paiol a baldom de telemóveis, portáteis, aparelhos auditivos e andarilhos, rumamos per caminho ao
sul pra cambiar a merchandia por toneis de rum.
Só que a Fortuna, farta de piratarias e das postages dos
bloguers, deixou-se ficar no remanso abrigado de alguma marina chique, porque o
mar banzeiro entrou como aqueles fulanos que invadiram a academia do sporting, crespo e
escuro, espumando como n'um furor perverso; cairam os ventos mais fortes e
outros vieram tão cheios que as velas inchadas estalavam como pipocas, rangiam
as vergas, com as proas afundadas e os mastros como alli se fossem desfazer.
A nossa nau ora subia altos vagalhões, ora descia a
cavaduras fundas, e iam os homens soffrendo aquellas agitações, como se
andassem num daqueles divertimentos da feira. Logo de seguida, uma noite
impenetravel caiu sobre a nau — só os relâmpagos alumiavam, com repetidos
clarões, o mar que uivava como mil lobos. Aos embates da vaga amparavam-se os ex-presidiários
afoitos aos mastros ou, agarrando-se ás enxarcias, os poetas punham o corpo e a
alma para que não fosse, de roldão, pelo convez molhado. Quando o céu ficava
fulminado tambem o mar accendia-se e por segundos os bloguers de moda faziam
poses, flashados com o estrondo dos trovões. O marulho crescia e, em dada
altura, nem mais distinguiam o dia da noite, sendo a escuridão constante. A Capitã
não se furtava á acção e apparecia onde maior era o perigo e maior a onda, pedindo
que publicássemos de quando a quando uma foto no instagram, ou a filmassem para o canal. Para que os homens
não ficassem em pusilanime abandono quiz que Giulliano, o italiano, descesse da gávea, entendendo que, fallando este a Deus em italiano,
mais se fariam ouvir, porque os italianos falam com as mãos e com a boca, mas,
em verdade, assim procedia porque notava que o pirata ainda não esquecera
Palmier e por vingança podia ser que este caísse ao mar no meio da tormenta.
Ora uma rajada impetuosa arrancava, como um trapo pôdre, ou
daqueles baratos que se compram no china, a vela da verga fendida. O breu dos
calafetos, acabadinho de colocar na última remodelação, despegava-se e a nau, corria
doidamente sem rumo, aos rebolos, com o gemer allucinado da tripulação que se
tinha por perdida naquelles mares desconhecidos. A Capitã, fazendo face á
tormenta, buscava alentar a companha, prometendo altas jantaradas às suas
custas quando nos víssemos em terra, mas tudo era baldado porque, a uma sua
palavra de alento, respondia o vento com ululos, respondia o mar com vagalhões.
Fez-se maior o atropello quando Andrhimnir, o cozinheiro
Viking, começou a prometer que se salvasse, nunca mais mataria um ser vivo.
Encheram-se os homens de um terror sagrado tomando presagamente aquelle facto
como um aviso funesto de que a sorte nos abandonara e nunca mais haviamos de
comer bifes suculentos. Queria um homem fazer-se forte respondendo ao appello do
commando mas era tarde demais, e quando a Capitã desceu à segunda coberta, estávamos
todos lá escondidos como ratos, fazendo gostos e likes, seguindo insta stories de gatos.
Afortunadamente foram-se os ventos amainando e, depois de
tantos tropeços do mar, brilhou um sol de bonança e remittiram-se as vagas
procellosas Parecendo à Capitã que já deviam andar na altura de San Juan poz-se
sentindo que, em breve, teriam á vista terreno firme. E assim, velejando, na
manhã gloriosa de um sabbado de fins de maio, um meze depois de havemos deixado
a Patria, o gageiro, com alvoroço, bradou annunciando terra, e com os olhos
marejados, avistamos os hotéis de luxo de Porto Rico. Correram todos a vestir
os melhores fatos e a nau foi adornada, içando-se em todas as driças bandeiras
e galhardetes, como se o sporting tivesse ganho o campeonato.
Loki, il gatto vampiro
Plagiado d' Relato da Primeira Viagem de Vasco da Gama à Índia, Álvaro Velho
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Não quero cá saber se isto é plágio ou não é...só sei que já me estragaste a noite de sono justo e repousante que esperava ter, pois foram tantas as minhas gargalhadas que fiquei com soluços... Depois, no seguimento do ser ou não ser plágio, creio que está definitivamente encontrada a tua verdadeira vocação: o desempenho efectivo do alto cargo de escrivão real da frota, aquela que saqueia a torto e a direito tudo o que mexe no mar da Caraíbas.
ResponderEliminarTás feito, cigano! Não precisas mais de andar a correr mundo. A Fortuna está no bico da tua pena...e que pena tens, Santo Deus!! :)
Beijos, Manel.
Dizem que o melhor remédio para os soluços é meio tonel de rum :) mas confesso, nunca experimentei...
EliminarObrigado pelas tuas palavras, elas incentivam-me a manter a actividade como escrivão, isto se a capitã nã me mandar saltar da prancha :)
beijos, Janita, por Deus!
Vês, que não os meus olhos, nem o carinho de madrinha. Só tu pareces não ver o tamanho da pena que tens. Ahahahsahsahah
ResponderEliminarIsto soou-me tão mal, agora
ahahahahahahah
Beijo afilhado maislindo
mas madrinha, o tamanho nã importa :)
Eliminarou importa?
:)
beijos, madrinha mais querida
a minha vontade, agora que chego da taberna, grão na asa e vontade de andar à porrada, era encher-te já a cara de pancada! 'tão mas tu em vez de tomares as rédeas do Purpurinas, ficas na despensa a relatar a coisa?!? Invade-me mas é esse convés, pá! imagina o trote que dá um barril de rum, homem!!
ResponderEliminarnã sei, só o nome purpurinas... nã me estou a ver no congresso internacional de capitães piratas a apresentar uma embarcação com esse nome... e já sei que a seguir vais dizer que posso mudar o nome, mas as licenças estão pela hora da morte... para as despesas tinha de saquear um porta contentores... ou dois.
EliminarEsta Flor é um cacto espinhudo que passa os dias a engendrar revoluções no navio!
EliminarPobre Andrhimnir, mais do que festejar acho que bebeu para esquecer a promessa que fez. :)
ResponderEliminarToda a tripulação tem evitado o assunto... na verdade ainda posso morrer se ele por ventura der com isto...
EliminarSó posso comentar que concordo com os demais comentários, essa pena não pode parar, quer em terra ou em alto mar, se é preciso rum, venha ele :))
ResponderEliminarsó volto a escrever quando chegar, esse rum que tanto prometes! encharcado quero ficar, vamos lá que chegue às paletes...
EliminarInterrompo o meu coma de rum para vir aqui dar-te um beijo, daqueles de Pirata!
ResponderEliminarhic... acho que ainda nã estás sóbria... hic!
EliminarAO ATAQUE!!!!!!
ResponderEliminarmas temos mesmo condições? afinal quantos somos? é para assustar ou partir cabeças?
EliminarE que sei eu, homem?! Tu é que vives no porão do cacilheiro :b
Eliminartu sabes que enquanto houver rum, um joguito de bola e Nosso Senhor Deus lá no alto, está tudo muito bem :)
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