sobrestima

Ele escreve “todo” em vez de “tudo” e não sabe o significado de palavras como “exacerbado” ou "célere". São raras as vezes em que acerta com as vírgulas e em nenhum dos temas compreendeu o que era pedido. Por isso a mãe implorou-me pelas alminhas que lhe "veja" os textos antes dele entregar ao professor e quem sabe é este ano que o moço termina aquilo. Deixo-me levar pelas temáticas sociais e não aproveito nada daquilo que escreveu, apesar das dores de cabeça que aquelas seis linhas lhe devem ter dado. Evito os termos complexos e as frases extensas. Quase caio no erro de escrever "saiu gorado". Invento experiências pessoais na fila de um fast-food e pesquiso sobre a posição dos clubes na última jornada para parecer mais legítimo. O estranho é que lá na escola ninguém estranha e ao fim de três dias mandam as correcções, e dizem que está tudo muito bem. 


Comentários

  1. Viraste corrector. Daqueles que encarnam a personagem (ou o autor, neste caso). Isso merece palmas, creio. ;)

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  2. Pois é, Manel...sabes o que faz falta a estes miúdos? Leitura, interesse pela leitura... Foi através dela que ampliei o meu vocabulário e viajei por mundos desconhecidos. Desde que aprendi a ler nunca mais larguei os livros.
    Leio menos agora, por isso compreendo que os garotos se percam pelo mundo virtual, pelos jogos e não saibam o que significa "exacerbado" :)
    Que bonito saber que, nas horas vagas, corriges os textos dos garotos...mas só corriges? Não lhes explicas o que é pretendido pelo prof.?
    Assim, ficam na mesma. Pois se nem lá na escola dão pela evolução do aluno...tss...tss...
    Beijos, Manel! :)

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    Respostas
    1. claro que nã é só corrigir... com o que ele escreve nunca mais sai da escola... ou talvez não, porque parece que os professores também se estão a borrifar! Faz de conta que eu ensino, que eu faço de conta que aprendo!
      beijos Janita

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