nylon

Desejo que acabe.
Que cheguem os dias às noites e na solidão esvaziar.
Amo o torpor do congelamento,
O fremir diminui e em silêncio convoco as nuvens, o céu cheio.
Estimo a neve suja na beira da estrada,
O vento gelado rasgando a pele, pregado nos trilhos que me levam a lado nenhum.
Sorrio de dor.
Afoguem-se os apaixonados no molhe.
Morram com eles as borboletas que nascem no estômago.
Sucumbam as chamas, lampejos,
os lumes eternos na cortina espessa de chuva.
Lançarei daqui suplicas ao bora, preces ao aquilão, ao garroa,
Dispersem essas cinzas malditas na borda do mundo,
Que nelas não renasça nem um pensamento.
Um cabelo, uma letra.
Macerem meus sonhos em boiões de ácido, até ao rebordo da noite.
Espinhas brancas sem carne.
Sem nome.
Que nada sobeje colado à pele,
só o vazio dos dias nas costas e a ridícula costura de nylon no peito.

"I'm not human at all; I have no heart" Bruno Nogueirão



Comentários

  1. A costura de nylon no peito, está muito bem.

    :) Boa noite senhor Manel, boa semana.

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  2. A costura de nylon no peito, está muito bem.

    :) Boa noite senhor Manel, boa semana.

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  3. Matar o amor?

    Beijos, Manel das tempestades. :)

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  4. Raio e Corisco?
    Pesadelo e medo?
    Adivinhar nem arrisco

    Boa noite afilhado mailindo, sai do frio, aconchega-te

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  5. Aniquilar a dor. Não sentir mais. Não sofrer. Nem que para isso se tenha de acabar com o amor.
    Muito sentido, mas belo.

    Um beijinho, Manel

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  6. Sem palavras...muito bommmmm!
    Beijinho Manel.:))

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  7. Que coisa tão boa que fizeste!
    Mais tarde ou mais cedo terei de roubar essa do fio de nylon. Não o farei de propósito, mas sei que um dia o roubarei.

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  8. Manelito, fica um abraço apertado.
    Quanto às tuas palavras, deixaram-me sem palavras.

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  9. Roubarem-to, foi?
    Faz como os lagartos, regenera-o!

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  10. Monsieur L'Orageux,

    tenho a declarar que, para terminar com este estado de sítio, deveria ter optado por uma sutura absorvível, que isto do nylon é coisa de pobre :p


    ___
    p.s. - quando fui mãe pela segunda vez, numa maternidade pública, fiquei a saber (e já conhecia a dor do retirar dos pontos) que a vizinha de quarto tivera direito a pontos absorvíveis por ter um cunhado médico na dita unidade hospitalar... sofri mais, claro, mas a gaja era estúpida todos os dias :)

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