bezoar
… ou a fuga de Kiri
O pontão estende-se alguns metros mar adentro, terminando
num pequeno cais quase submerso. Na largura alberga uns quantos quiosques
fechados, voltam a abrir no verão quando o areal se enche de toalhas. Dos lados
arredondados avultam varandins com bancos onde casais se demoram a olhar o mar, adiante uma
rapariga repousa a cabeça num ombro.
Eles caminham à minha frente de mãos dadas, sigo atrás segurando
a vela que a chuva em pó ameaça colher. O voo de duas gaivotas perturba a superfície
espelhada, levam-me o olhar, arriscando uma rota sobre as águas. Tudo parece
existir em duplo, mesmo o céu mesclado.
Kiri deixou-me. Num dia sem chuva voltou para casa levando
destroços na mala. Os meus destroços, bezoares preciosos embrulhados nas meias.
E mesmo longe, na distância do precipício do mundo, parece que nunca partiu, ou
então o mundo gira tão rápido que nos leva ao encontro um do outro, na fila
das compras, num autocarro perdido, no cais submerso de céu.
molo Międzyzdroje by Dagmara |
É mandar matá-la para aprender que isso não se faz...
ResponderEliminar:) por roubar bezoares é o mínimo...
EliminarÉ o destino :)
ResponderEliminaracreditas mesmo nisso? :)
EliminarLamento informar mas na realidade as pessoas demorar a ir ... definitivamente :) processo demasiado lento mas absolutamente necessário. Não era o MEC que dizia qualquer coisa como "...deixar o coração, de lembrança em lembrança, até ele se cansar" (se não era isto era parecido) :)
ResponderEliminarE agora eu pergunto, por que razão gostamos mais dos textos de desencontros amorosos? :)) Somos inevitavelmente românticos ou simples masoquistas? :)
masoquismo é uma forma de amar... :)
EliminarPosso apenas dar-lhe um abraço? Duplo, com dois braços.
ResponderEliminar[tocou-me]
Miss Smile, trate-me por tu... um abraço, com dois braços :)
EliminarManel, é preciso deixar ir quem não pode ou não quer estar.
ResponderEliminarPor muito difícil que seja.
Abraço.
nã é difícil de entender, apenas difícil de esquecer...:) abraço Isabel
EliminarOuve a voz da razão, é preciso deixar ir....
ResponderEliminarAfilhado, só faz falta quem está, não te prendas às Kiris que passam
Há mais lirios no campo...
abreijo da madrinha
e rosas, antúrios, estrelicias, cravos, gardénias, girassóis, repolhos, nabos, nabiças, cenouras... e coisas assim... beijos :) madrinha
EliminarÉ mesmo longe o que nos leva ao encontro um do outro.
ResponderEliminarPode nunca mais acontecer. Mesmo que o reflexo do espelho do autocarro nos devolva a imagem que tanto queremos perto.
Há que partir, sei lá, digo que nã faço isso...
Beijo Manel:)))
partir e deixar os cacos... beijos, beijinhos Helena de Tróia:)
EliminarKiri, nome belíssimo!
ResponderEliminarPor outro lado, o gradeamento das pontes não aguenta tanta beleza, li no jornal, que eu sempre fui pouco de atirar moedas para as 'fontes' :)
Kiri, nome maldito!
EliminarÉ um pontão, espero que nã aguente... beijo, oh Grandiosa.
http://sou-o-lucas.blogspot.pt/2012/01/blog-post.html?m=1
ResponderEliminarEste Kiri nunca desilude.
Beijo Manel
:) as coisas que tu descobres... Imprópria, fizeste-me sorrir! beijo, beijo nos teus dedos magoados
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