reses
Na altura dividiram tudo o que havia sido comum. Quer dizer,
ela dividiu tudo o que havia sido comum, sem poupar os
livros ou os discos. Alugou por quatro tardes uma guilhotina e abrindo as
vinhas da ira na página duzentos e quarenta e cinco, cortou-o ao meio. De cada
lado da mesa foi empilhando as reses, de um lado as metades iniciais com os
prefácios, agradecimentos, dedicatórias, do outro as metades finais com
apêndices, posfácios, glossários.
Puxou pela lombada espessa de fogo pálido, pelos dedos
calculou que o centro vacilava entre a página cento e quarenta e sete e a cento
e quarenta e oito. Quando se preparava para o golpe, a lâmina a roçar por milímetros
a palidez da costura, pularam palavras da superfície tranquila de texto, como pequenas rãs que se lançam ao charco quando pressentem o perigo. casulo vazio de esmeralda.
Hyuro, untitled 3, ink on paper |
Também há casulos de onde saem borboletas...
ResponderEliminareste esmeralda é de cigarra... :)
EliminarDeixar fugir as palavras é tão fácil...
ResponderEliminar:)
às vezes ficam açaimadas, de castigo... :)
EliminarNem tudo deve ser dividido... ;)
ResponderEliminaraté teria dividido tudo, do que havia não queria nada, com excepção dos livros...
EliminarMuito bom este texto.. Muito pouca coisa é passivel de ser dividida. Prefiro de longe a partilha, é tão melhor... Até porque como já dizia a minha avó meias só para os pés.
ResponderEliminarBeijoooo Manel tempestade:))
se a sensatez das avós fosse lei, o mundo era pra lá de tanto melhor... beijo, beijo, beijo AC
EliminarCasulos vazios acumulam menos pó.
ResponderEliminarÓ
versão Ó menina lapalissada :) bom dia, bom dia...
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