fortuna
Um zíngaro com pouco uso mas mal cotado, andava certa vez sem
rumo junto às margens de um rio largo. Foi o nómada o primeiro a ouvir os
suspiros das ninfas aborrecidas, deitadas no lodo entre os destroços de um
barco. Eram mais de cinco, seriam umas seis, pernas de peixe e belos corpos de
mulheres. Eram todas tão formosas, tão belas mas enfadadas, que o zíngaro achou
estranho e quis saber o que se passava. Afinal era mais do mesmo, trabalho
precário, horas extras sem remuneração, aumento de impostos, só restava manter
a esperança na aposta de sexta-feira, cem milhões de euros dizia na montra.
“E vós, Tágides minhas, de fúteis invocações fartas
Já não tendes mais ouvidos e pachorra pra esta fauna
Dos poetas, pintores, escultores, escriturários, banqueiros,
talhantes, mecânicos, doutores, enfermeiros, professores, técnicos,
engenheiros, carpinteiros, coveiros, prostitutos, policias, gatunos, ministros,
palhaços, marretas, bando de moscas-mortas.
Dai-me a saber vossos planos, caso a fortuna
Bater certa e com fúria nas vossas portas.”
A primeira das Tágides não levou muito a responder:
“Sai-me na sexta fortuna choruda,
e alugo-te a ti zíngaro de estima, como cicerone ou tradutor,
vamos por países quentes, dás-me uma ajuda
(...)
O Camões que me perdoe se isto leva continuação...
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Tu declinaste a minha oferta
ResponderEliminarcigano mafarrico duma figa
é assim que amas a madrinha
deixando-a rica, mas perdida
Não quero patrões
gritaste tu, que de tão alto até fez eco
tábenhe, alugo outro
cigano dum caneco
abreijo da madrinha, acabrunhada e triste :-(
acabrunhada com veia cheia de poesia... só propus países mais temperados... :)
EliminarPelo menos Camões não excluiu as do Mondego na sua evocação...
ResponderEliminarnã me compares com os grandes... :)
EliminarJá fomos apostar, nem o Camões nos impediu!
ResponderEliminarGostei das ninfas aborrecidas.
:)))
tudo serve de inspiração quando há vontade :)
Eliminarmesmo ninfas aborrecidas :)