indulto
E se te dissesse de uma vez tudo o que tive coragem de
calar? Não estavam mortas agora essas palavras, sacudidas em nuvens de poeira,
penduradas pelos pés como as árvores. Nem sei se te abracei, estava frio, mas
penso que não te abracei, as palavras foram caindo escorregadias, selando a
desilusão nos lábios.
E se substituísse todas as palavras que escrevi por outras... ou
pelas mesmas, já muito gastas e remendadas, mas dispostas de outra maneira? Aposto que numa noite conseguia recriar todos os meus passos sem que isso me levasse
a lado nenhum, ou me desse um pouco mais de conforto.
Dormir, isso sim, é algo
maravilhoso.
Muito bonito este pedacinho de prosa.
ResponderEliminarSe em teoria entendo que devemos sempre tentar de novo, mesmo que as palavras estejam velhas e exaustas, na prática, estou como o Gonçalo M. Tavares.
"Estamos sozinhos. As pessoas que amo vão morrer.
Os livros não resolvem nada. A poesia é bonita e por vezes
descansa, acalma, mas não resolve nada, não resolve nada.
Somos artistas ou não somos, e qualquer coisa que seja não
adianta nada e nada impede.
Escrevemos poemas, mas não ajudam ninguém. Escrevemos peças de teatro, sorrimos, tentamos pensar,
tentamos ter ideias, tentamos distrair as pessoas, tentamos
fazer pensar as pessoas, tentamos fazer chorar as pessoas, e
isso é bom, e até pode ser bonito, mas não adianta nada,
não resolve nada, não adianta nada."
E as palavras? Será que adianta alguma coisa proferi-las de novo, mesmo que todas arranjadinhas e maquilhadas? Estou como tu, já não acredito. Até podem ser palavras boas, bonitas, mas já não adiantam nada, não resolvem nada, não adiantam nada.
Dormir, isso sim, é algo maravilhoso.
Adeus! Vou para a cama... :)
Fica um abraço em ti, Manelito.
ResponderEliminarSaio deste teu momento em silêncio.
Toca a acordar! Queres que apite o comboio?
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