vaguear
olho a imensidão do céu no momento em que o dia esmorece em tons de laranja ali ao longe.
ainda não escureceu completamente deste lado, do outro o manto é azul nocturno esperando ser bordado por mãos experientes a pequenos pontos cintilantes.
como é quente o ar que entra pela janela deixada aberta, transborda de vida junto à iluminação da via pública, não tarda pequenas sombras se alimentaram daquela massa instantânea.
julgo indecifrável o cheiro que vagueia perdido, não é de flores nem da erva que o vizinho teima em cortar, talvez seja poejo e venha de além sul. maldito cão que ladra.
a tv do andar de cima cacareja e o camião do lixo alimenta-se. não há aqui quintais com laranjeiras esperando a subida oportuna na noite sem lua, nem vizinha estendendo ao vento toalhas amarelas e desejos na corda. foi noutro tempo, há muito tempo, talvez tenha confundido a história de tão amarfalhada guardada na gaveta, algures anda perdida nos restos da memória.
apetecia-me um cigarro...
surreal
ResponderEliminaros dinossauros caminhavam...
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