diabo

Cinco letras, um horizontal, pessoa astuta ou habilidosa...

Pousou o copo com demasiada força, atraindo as atenções dispersas pelo bar. O fundo mais espesso, porventura concebido para resistir a movimentos desmedidos como este, esperava ser enchido no meio do balcão, e tornar rapidamente aos lábios que o marcavam no rebordo de vermelho.

Leva o etílico as memórias, copo atrás de copo. Vai cheio levado aos lábios, volta vazio com força ao balcão. O empregado por detrás na sua vida, nem ousa levantar os olhos, mira o copo vazio, miraculosamente inteiro, pronto a ser atestado até ao rebordo tatuado.

Reparei nela assim que se sentou cinco lugares para a esquerda. Sem desviar o olhar da maquineta tecnológica, pediu um whisky, e depois outro, e outro mais, todos sem gelo até eu perder a conta, esvaziando-se em cada gole o meu interesse. O cabelo liso escuro, caindo calmo pela cabeça, sem remoinhos ou ondas distintas, pouco se agitava apesar dos movimentos irritados. O olhar intenso, delineado a carvão, estava preso como eu já disse, passeando livre uma ou outra vez pelo espaço em redor, uma vez em direcção a mim. Mordeu o lábio, carne viva pintada a sangue, onde mergulhava doce o álcool, amargo o céu do dia seguinte.

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